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Editorial

A importância de se monitorar a poluição atmosférica no inverno

27 de Junho de 2024 às 22:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A chegada do inverno, em 20 de junho, faz acender o alerta para o agravamento das doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos. A umidade relativa do ar voltou a cair em Sorocaba, como consequência do tempo frio e seco, causando, ainda, ardência e ressecamento dos olhos, boca e nariz. Soma-se a isso, como fator negativo, a emissão dos poluentes, principalmente pelas fontes veiculares e sua dispersão — fenômeno comum, também, nesses dias de inverno já que a baixa umidade relativa do ar dificulta a dispersão de poluentes. Esses poluentes, na forma de diversos tipos de partículas (ácaros, o enxofre que sai do escapamento de veículos, poeira e restos de materiais queimados, entre outros) ao ficarem em suspensão no ar, acabam sendo inalados pelas pessoas, favorecendo a ocorrência de problemas respiratórios e infecções.

Ontem (27), o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, lançou uma ferramenta para monitorar a poluição atmosférica e seus impactos na saúde da população brasileira. O Painel Vigiar pretende identificar áreas com maior exposição à poluição, permitindo a formulação de políticas públicas e ações de saúde ambiental, além de melhorar a qualidade das informações e fortalecer a vigilância em saúde no país.

A plataforma fornece estimativas de impactos na saúde humana atribuíveis à exposição ao chamado material particulado fino (MP2,5) para municípios com população adulta acima de 10 mil habitantes, destacando o número de mortes que poderiam ser evitadas se as concentrações de poluição atmosférica estivessem dentro dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o Ministério da Saúde, a ferramenta identifica e prioriza áreas no Brasil onde atividades econômicas ou sociais podem expor mais a população aos poluentes do ar. As situações classificadas como críticas incluem regiões afetadas por queimadas e incêndios florestais; áreas urbanas com alta concentração de poluentes; áreas com grande atividade industrial; ambientes internos com poluição do ar; e impactos das mudanças climáticas na qualidade do ar.

“A Vigiar considera aspectos socioambientais essenciais para a saúde e qualidade de vida. Isso inclui fatores como pobreza, fome, saúde, educação, aquecimento global, igualdade de gênero, água, saneamento, energia, urbanização, meio ambiente e justiça social. Esses fatores são fundamentais para avaliar os impactos da poluição do ar e promover a saúde da população”, informou o ministério.

O painel também disponibiliza as concentrações anuais e mensais de material particulado e o percentual de populações expostas, dados que podem ser consultados por localidade e grupos populacionais.

Ainda de acordo com o ministério, o material particulado fino (MP2,5) refere-se a partículas finas presentes no ar, de natureza sólida ou líquida, originadas de variadas fontes de emissão como veículos, indústrias, incêndios florestais e atividades humanas. Devido ao tamanho microscópico, elas podem penetrar no trato respiratório inferior e alcançar alvéolos pulmonares e corrente sanguínea, causando doenças respiratórias, cardíacas e mesmo câncer.

Entre os grupos mais sensíveis para esse tipo de exposição estão crianças, idosos, gestantes e populações com pré-condições de saúde.

Todo esse cuidado ampara-se no fato de que, durante o inverno, pela manhã, há formação de camadas de inversões térmicas de superfície de diversas espessuras e de diferentes intensidades. Estudos revelam que no inverno as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão e diluição dos poluentes na atmosfera.

A poluição do ar é atualmente reconhecida como uma das maiores ameaças ambientais à saúde e ao bem-estar da humanidade, juntamente com as mudanças climáticas. Por isso a importância de realizar um monitoramento efetivo da qualidade do ar.