Editorial
Itu, a Capital Nacional do Berço da República
A Comissão de Defesa da Democracia (CDD) aprovou nesta quinta-feira (6) o projeto que concede a Itu — município integrante da Região Metropolitana de Sorocaba —, o título de Capital Nacional do Berço da República. O PL 932/2024, de autoria da senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), recebeu parecer favorável do senador Omar Aziz (PSD-AM) e pode seguir diretamente para a Câmara dos Deputados, a menos que haja recurso para que ele seja votado no Plenário do Senado.
Na sua justificativa, Mara Gabrilli destaca a importância de Itu no processo que conduziu à Proclamação da República do Brasil em 1889: o município sediou, em 1873, a primeira Convenção Republicana do Brasil, que debateu a eleição de representantes de um futuro Congresso republicano. A cidade hoje abriga o Museu Republicano Convenção de Itu, cujo acervo, voltado principalmente ao período do início do regime republicano no Brasil, demonstra a importância histórica da cidade. Para Omar Aziz, o projeto é uma forma de honrar a contribuição histórica de Itu no processo de transformação política e social do Brasil que culminou com a Proclamação da República em 1889.
A história ituana está permeada na história do Brasil. Além de participar do movimento bandeirista — expedições de bandeirantes que navegavam pelo rio Tietê em busca das minas de ouro de Cuiabá, no Mato Grosso —, foi berço da Convenção Republicana.
Ponto de apoio e ligação para as expedições, por ser um entroncamento de diversos caminhos terrestres e fluviais, o local recebeu o nome de origem indígena Itu-Guaçu ou Utu-Guaçu, devido às suas grandes quedas d’água no rio Tietê.
Os primeiros habitantes de Itu foram os colonos portugueses, que se dedicaram à construção de uma capela a Nossa Senhora da Candelária. Essa capela é o marco de fundação da cidade, em 2 de fevereiro de 1610. Na época, o bandeirante Domingos Fernandes, juntamente com seu genro, Cristóvão Diniz, ergueu o local para devoção a Nossa Senhora da Candelária, que mais tarde se tornaria padroeira do município. Até 1750, a vila de Itu era bem pequena, com apenas uma rua, a rua Direita, conhecida hoje por rua Paula Souza. Escravos e donos de fazendas construíram dois conventos e algumas igrejas na região.
O período entre 1836 e 1854 marca grande crescimento de Itu. A exportação do açúcar brasileiro para a Europa lhe garantiu o título de vila mais rica de toda a província.
A Vila de Itu foi elevada à categoria de cidade em fevereiro de 1842 e, no mesmo ano, participou ativamente da revolução liberal que eclodiu em várias partes do país, organizando uma força de 300 homens, junto à tropa de Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar.
A participação de Itu na política Nacional teve também grande destaque na Magna Convenção do Partido Republicano em 1873, nela realizada. O desenvolvimento econômico deu-lhe a condição de maior produtora de cana de açúcar durante o período Imperial. Também teve destaque no ciclo do café, que foi a atividade base do município até 1935, estimulando a vinda de imigrantes, em especial, italianos.
A produção cafeeira substituiu a cana e foi a base da economia local até 1935. Esse advento resultou na chegada de milhares de imigrantes italianos para trabalhar no lugar dos escravos nas fazendas.
A partir de 1850 e durante anos, Itu foi considerada a cidade mais rica da província de São Paulo, com importante participação na vida política e econômica. Em 1869, instalou-se a primeira fábrica de tecidos de algodão, sendo a primeira movida a vapor da província de São Paulo. Mas foi só a partir de 1950, que várias fábricas começaram a se instalar na cidade, gerando uma migração da zona rural para a urbana em busca de trabalho. No fim dos anos 1960, com a inauguração da rodovia Castello Branco, houve significativo impulso industrial em Itu.
Hoje, Itu tem uma população estimada de 176.548 habitantes (IBGE/2020). Com setores industrial e comercial amplamente desenvolvidos e fundamentais para a economia local, Itu se destaca também como Estância Turística e atrai visitantes durante o ano todo, seja por sua fama de Terra dos Exageros — dada pelo humorista ituano Francisco Flaviano de Almeida, o Simplício —, seja por seu inestimável patrimônio histórico, cultural, religioso, ambiental e arquitetônico.