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Editorial

Cabine Lilás, da PM, humaniza forma de atender mulher vítima de violência

02 de Maio de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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O programa Cabine Lilás — criado pelo Governo de São Paulo em março — para atendimento exclusivo, por parte da Polícia Militar, a mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, de forma mais técnica e humanizada, teve importantes resultados em seu primeiro mês. Mesmo funcionando no modo piloto e, por enquanto, somente na cidade de São Paulo, o Cabine Lilás possibilitou a prisão de oito homens suspeitos, que descumpriram as medidas protetivas impostas pela Justiça. Também houve 509 atendimentos, dos quais 56 mulheres receberam orientações de como obter as medidas protetivas.

A Cabine Lilás é um serviço operado dentro do Centro de Operações da Polícia Militar, o Copom, com 25 policiais femininas que foram treinadas por equipes especializadas da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) para atendimento de ocorrências e suporte a policiais que estão em campo. Ao ligar para o 190, o serviço pode ser solicitado pela própria vítima ou ser ofertado pelo atendente, caso a mulher queira falar diretamente com uma policial ou se tiver dúvidas em relação a quais medidas adotar caso seja agredida.

As policiais fazem o atendimento em uma cabine exclusiva para chamados de violência doméstica ou familiar. A partir do envio de equipes para os endereços das ocorrências, o Copom passa a orientar e supervisionar o serviço prestado pelos PMs às vítimas.

“A vítima de violência precisa ser ouvida, ter acesso à informação e se sentir protegida. E a função da Polícia Militar também é essa. O 190 é o primeiro pedido de ajuda dessa mulher. A intenção foi aperfeiçoar esse atendimento com um olhar mais específico para as necessidades delas. Para sair da situação de vulnerabilidade, a vítima de violência precisa ter todas as informações disponíveis. Esse projeto é piloto e vamos expandi-lo para o Estado em breve”, explicou o secretário Estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, ao comentar os primeiros resultados do programa.

O Cabine Lilás mudou o conceito de atendimento a mulheres. Antes, era restrito a casos de urgência e emergência. Agora, além do atendimento técnico, são oferecidas informações importantes de auxílio à vítima.

As agentes de segurança estão preparadas para informar os direitos das mulheres e as redes de apoio à disposição, além de oferecer suporte para registro do Boletim de Ocorrência. A novo atendimento, dá a oportunidade de as policiais se conectarem com as vítimas, sem perder o profissionalismo que a situação exige. Além disso, a equipe que se desloca à casa da vítima recebe um suporte imediato da operadora do Cabine Lilás.

O atendimento exclusivo se mostrou necessário a partir do que revelam as estatísticas. O Copom recebe cerca de 320 chamados diários de ocorrências de violência doméstica na cidade de São Paulo. Em todo o território paulista, são mais de 1,1 mil atendimentos por dia pelo 190 a mulheres agredidas. A equipe especializada da Cabine Lilás ficará responsável por esses chamados de forma permanente, 24 horas por dia para orientar a vítima de forma ampla, sobre como registrar a ocorrência sem se deslocar até uma delegacia e como ter acesso a serviço especializado de assistência jurídica. A Cabine Lilás também dá informações que auxiliem a mulher a interromper o ciclo da violência.

A participação da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) é fundamental para o sucesso do programa e vai muito além do treinamento das equipes da PM. A delegada Jamila Ferrari, coordenadora das DDMs no estado, destaca a necessidade de políticas públicas integradas como forma de interromper o ciclo da violência contra a mulher. “A gente tem que entender que a segurança pública é a porta de entrada das vítimas, mas ela nunca será a porta de saída. Para romper o ciclo de violência, a mulher precisa do boletim de ocorrência ou de uma medida protetiva e de um atendimento de qualidade. Além disso, a vítima necessita de suporte, com atendimento social e psicológico também”, enfatizou a policial.