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Editorial

Alfabetização é a essência da educação

25 de Abril de 2024 às 22:40
Cruzeiro do Sul [email protected]
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A educação pública, assim como a saúde, deveria ser o carro-chefe de qualquer governo. Em São Paulo, as ideias do titular da Secretaria Estadual da Educação (Seduc-SP), Renato Feder, tem encontrado alguma resistência. É até natural, já que a oposição existe exatamente para ser contrária às propostas de quem está governando.

Em 2023, primeiro ano do governo Tarcisio de Freitas (Republicanos), a Seduc-SP mirou a inclusão digital na rede para atingir o objetivo de oferecer aulas mais “modernas, atrativas e eficientes”. Aliás, foi o sucesso dessa empreitada no Paraná que chamou a atenção do governador para Renato Feder.

Na semana passada, a Seduc-SP anunciou que passaria, em breve, a utilizar o ChatGPT — uma ferramenta de inteligência artificial (IA) — para produzir parte das aulas voltadas a alunos dos anos finais dos ensinos fundamental e médio da rede pública paulista.

Atualmente, o material é todo elaborado por professores curriculistas, que são especialistas na área. Logicamente que essa intenção experimentou críticas, inclusive com promessa de manifestações articuladas por entidades que representam os professores da rede pública de São Paulo.

Mas não seria conveniente só ficar surfando na onda dos críticos contrários. É de bom tom enaltecer que vem dando certo, o que efetivamente já funciona. Um dos exemplos de resultados satisfatórios é o programa Alfabetiza Juntos SP, que avalia a fluência leitora dos alunos da rede estadual, e que foi ampliado para abranger quatro anos do ensino fundamental 1. O teste que, até o mês passado era realizado apenas para os estudantes do segundo ano, passou a ser feito também para aqueles que frequentam do terceiro ao quinto anos.

Outra novidade da Seduc-SP é a implantação de uma ferramenta de leitura que permitirá aos professores acesso simultâneo ao resultado e um mapa do desenvolvimento de cada aluno e de sua sala de aula. A ferramenta — já utilizada em 17 estados brasileiros e nove países — pode ser acessada por todos os professores dos anos iniciais do ensino fundamental e pelas 560 mil crianças de 6 a 10 anos de idade matriculadas do primeiro ao quinto anos em 1.389 unidades de anos iniciais da Seduc. O teste de fluência, por sua vez, pode ser aplicado entre o segundo e quinto anos, que concentram meio milhão de matriculados. “Com essa ação, a Educação de São Paulo está expandindo o olhar para o processo de alfabetização em todo o primeiro ciclo do ensino fundamental. Nós temos uma meta de alfabetizar 90% dos estudantes do segundo ano até 2026. Os resultados apontam que estamos no caminho certo”, disse Renato Feder.

No teste, os estudantes devem ler um texto e o áudio é disponibilizado em uma área de trabalho exclusiva do professor regente de sala. A ferramenta oferece ao docente a comparação entre o texto original e o teste de cada aluno e os classifica, a partir da fluência e tempo de leitura, entre os níveis abaixo do básico, básico, adequado e avançado, e permite identificar os resultados de toda a turma e, ainda, a evolução de cada criança ao longo das edições do ano do teste.

Para desenvolver a competência leitora, as crianças têm acesso a cerca de 500 títulos literários no sistema operacional, que podem ser acessados por meio de tablets e computadores das escolas ou até mesmo do celular dos pais e responsáveis.

E qual é a vantagem de investir na alfabetização das crianças matriculadas na rede estadual paulista — a escola pública? O processo vai além da capacidade de decodificar letras, pois uma vez alfabetizada a pessoa adquire o “poder” de entender o mundo, no aspecto social e cultural.

É um direito e uma forma de enriquecimento, já que a alfabetização é a essência da educação. Uma pessoa alfabetizada garante o melhor exercício da cidadania, já que poderá fazer valer os seus direitos e deveres.