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Editorial

Por que devemos conter mosquitos e escorpiões?

30 de Março de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Quase não se fala em outro assunto: o avanço da dengue e os acidentes com escorpiões. Dois problemas recorrentes de saúde pública. Recentemente, o Governo do Estado de São Paulo realizou mobilizações contra o Aedes aegypti e escorpiões, inseridos pela primeira vez na estratégia de eliminação de criadouros e prevenção à arboviroses e acidentes. A iniciativa visava o engajamento da sociedade civil, municípios e organizações públicas e privadas em atividades focadas na prevenção à dengue, chikungunya e zika vírus, com foco especial no controle da proliferação do mosquito transmissor dessas doenças. Além disso, a mobilização visava, também, reduzir as chances da população ser vítima de escorpiões que, assim como o Aedes aegypti, proliferaram com maior facilidade no período que combina calor e chuva.

No entanto, essas ações de conscientização e engajamento precisam ter continuidade. Cada município é responsável por desenvolver as estratégias apropriadas para sua realidade. Mas, o comprometimento do cidadão é fundamental. De nada vale investir tempo e dinheiro em ações de combate ao mosquito e ao escorpião se a população, de forma geral, não entender que o assunto é muito sério.

Cuidados simples refletem em medidas eficazes. A fêmea do Aedes aegypti adora água parada e nem precisa ser limpinha não. Qualquer acúmulo já é suficiente para ela colocar os ovos que em poucos dias darão vida a inúmeros mosquitos sedentos por sangue humano. E assim, a doença avança.

Com os escorpiões é quase a mesma coisa. O bicho gosta daquele resto de material de construção e entulho que fica no fundo do quintal ou, até mesmo, em frente das residências por um longo período. Situação propícia para esse aracnídeo constituir uma família, que logo vai atacar um humano.

Portanto, limpeza — e vigilância — são fundamentais no combate desses dois seres indesejáveis.

Perceba como o assunto é sério. Na edição do dia 29 de março, na página 8, o Cruzeiro do Sul noticiou que a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) alertou que o continente americano pode registrar, em 2024, o pior surto de dengue em toda a história. Já são mais de 3,5 milhões de casos da doença contabilizados nos três primeiros meses do ano. O acumulado chega a ser três vezes maior do que o total de casos registrados no mesmo período do ano passado.

Brasil, Argentina e Paraguai, segundo a entidade, respondem por mais de 90% das infecções e por mais de 80% das mortes por dengue nas américas. Dados da Opas mostram que o Brasil aparece em primeiro lugar no ranking, com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai, com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina, com 134.202 casos e 96 mortes.

Conforme os dados do Painel de Monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde, que acompanha a evolução da dengue no Estado de São Paulo, apenas Sorocaba — que é sede da Região Metropolitana — registrava, até sexta-feira (29), 12.267 casos notificados. O total de confirmações chegava a 4.433. O município também registrava um óbito confirmado em consequência da doença e outro em investigação.

Quanto ao escorpião, o Cruzeiro do Sul de ontem (30), trouxe a história triste de um menino de sete anos que morreu, na sexta-feira (29), após ser picado por um escorpião. Ele morava na Vila Helena, bairro da zona norte de Sorocaba. Foi a segunda morte causada por acidente com a mesma espécie de aracnídeo registrada na cidade em 2024. Em janeiro deste ano, a vítima foi um bebê de apenas um ano de idade que morava no Jardim Santa Esmeralda, também na zona norte. De acordo com a Secretaria de Saúde (SES), neste ano foram registrados 49 acidentes com escorpiões, ante 259 em todo ano passado.

Vidas estão sendo ceifadas — no caso das vitímas mais recentes, prematuramente —, simplesmente porque alguém esqueceu de fazer uma tarefa simples: manter os ambientes livres das condições que favorecem a proliferação do Aedes aegypti e dos escorpiões.