Editorial
Sobre o emprego e a falta dele
A edição de ontem do jornal Cruzeiro do Sul trouxe duas notícias relacionadas ao emprego: uma positiva e outra que demanda reflexão. Na sociedade — e na vida do indivíduo que precisa gerar renda para o sustento próprio e o de sua família —, o trabalho é fundamental para garantir o giro econômico e o progresso de um determinado lugar. É somente a partir do trabalho que há a geração de renda e riqueza social.
A primeira notícia, a positiva, informa que Sorocaba registrou saldo positivo de empregos formais no mês de fevereiro, com a criação de 2.056 vagas, segundo dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que é um sistema utilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para o registro de admissões e demissões de trabalhadores no Brasil e que foi instituído com o objetivo de fornecer informações para a elaboração de políticas públicas e estatísticas sobre o mercado de trabalho, que subsidiam indicadores da atividade econômica do País e influenciam as decisões das empresas, dos investidores e dos agentes públicos em assuntos relacionados ao emprego e à falta dele.
O Caged mostra que em Sorocaba ocorreram 12.497 admissões e 10.441 desligamentos em fevereiro. O saldo quase triplicou em relação ao mesmo período de 2023 — representando um aumento de 179,72% — quando apresentou saldo positivo de 735 vagas. O número de fevereiro deste ano também é o maior saldo de empregos formais dos últimos 12 meses.
O setor que mais empregou em Sorocaba foi o de serviços, com saldo positivo de 1.585 vagas, seguido do comércio, com 490, indústria, com 121, e da construção civil, com 67 contratações. A agropecuária foi o único segmento que apresentou saldo negativo, com uma redução de sete postos de trabalho.
Os números oficiais atestam que, apesar de Sorocaba ter um polo industrial forte, diversificado e consolidado — e que emprega muitos trabalhadores —, a cidade mantém sua vocação de prestadora de serviços para a Região Metropolitana. Aqui estão importantes centros de compras dos mais variados segmentos e, assim Sorocaba cresce economicamente, atraindo mais investidores e, naturalmente, mais empregos.
A segunda notícia, aquela que exige reflexão, envolve um cenário mais amplo, o nacional. A taxa de desemprego subiu de 7,6% no trimestre terminado em janeiro para 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro. Foi a segunda elevação após nove trimestres móveis seguidos de recuo, conforme atestaram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
O País registrou um fechamento de 258 mil vagas no mercado de trabalho no trimestre até fevereiro em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2023. “De modo geral, quem influenciou essa perda foi a administração pública e a agricultura. E outras atividades, embora não tenham registrado ganho significativo, tiveram desempenho positivo”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Sobre esses dados citados até aqui cabe uma profunda análise. Afinal, Sorocaba precisa investir em infraestrutura urbana para atender às necessidades básicas das pessoas que vivem na cidade e também de quem gera emprego. Por conta disso, as autoridades federais precisam entender o que os dados do IBGE mostram nas entrelinhas e alinhar o necessário para aumentar a empregabilidade.
No entanto, outra demanda tira o sono de empreendedores e gestores públicos. A falta de mão de obra qualificada e, até mesmo, de pessoas com vontade de trabalhar. A pandemia de Covid-19 motivou, ainda mais, a dependência de ajuda financeira governamental para a manutenção das famílias em vulnerabilidade social. Acontece que, infelizmente, há quem prefira se manter nessa situação a buscar renda com o suor do próprio rosto.