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Editorial

Um pacote contra o crime

23 de Março de 2024 às 21:30
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Governador do Estado de SP, Tarcísio de Freitas, ao lado do secretário de Segurança Pública do Estado de SP, Guilherme Derrite
Governador do Estado de SP, Tarcísio de Freitas, ao lado do secretário de Segurança Pública do Estado de SP, Guilherme Derrite (Crédito: Reprodução/Facebook Guilherme Derrite)

Ainda está no início, mas o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, já se articulam para criar um pacote que promete asfixiar o crime organizado no Brasil.

Ambos querem aprovar no Congresso Nacional a chamada reforma do Sistema de Justiça Criminal, porém o texto da proposta está em elaboração e, assim que concluído, será compartilhado com os parlamentares.

No pacote, há propostas que pretendem criar mecanismos para reduzir a criminalidade por meio do endurecimento da legislação.

As iniciativas preveem, por exemplo, penas mais duras para criminosos que sejam de facções, e, como declarou Derrite, o tratamento precisa ser diferenciado.

Além de aumentar o tempo de cárcere para integrantes de facções, as propostas buscam desencorajar o ingresso no crime organizado.

O governador e o secretário da Segurança de São Paulo reuniram-se na semana que passou, em Brasília, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e com deputados das mais variadas bancadas, para articular a iniciativa.

Nas redes sociais do Cruzeiro do Sul, foram muitos os comentários de apoio a ação de ambos para combater o crime com mais rigor, porém, há outros que dizem que isso não seria necessário frente à legislação penal ampla que o Brasil já possui.

Em São Paulo, Derrite declarou que ele, o governador e vários outros deputados federais abriram o caminho para a reforma do Sistema de Justiça Criminal no Brasil e também para o aperfeiçoamento do sistema de segurança pública.

Segundo ele, fortalecer a legislação nessa atual realidade do País é a maneira mais eficiente de reduzir os índices criminais, já que a polícia encontra nas ruas um retrabalho diário.

Conforme reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul, na edição de ontem (23), Tarcísio e Derrite também têm discutido propostas para modificar a legislação penal com governadores das regiões sul e sudeste, além de parlamentares, em encontros realizados por meio do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Consud).

Entre as propostas para a reforma — e o que deve gerar mais embate com a oposição e os defensores da causa dos Direitos Humanos —, é o impedimento da progressão de regime para detentos que sejam reincidentes.

Recentemente, notícia divulgada pelo colunista do portal Metrópoles, Paulo Cappelli, mostrou o caso de um homem que, liberado pela Justiça mesmo após 11 passagens pela polícia, matou a facadas um segurança de supermercado no Rio de Janeiro.

É por situações como essa que o secretário da Segurança Pública de São Paulo defende a necessidade de integração e do convite a outros agentes públicos para que pensem na legislação com foco na vítima e não em criminoso.

Derrite considera importante que o tema segurança pública tenha entrado na pauta como um dos principais.

Conforme reportagem publicada por este jornal, o secretário, que já retornou ao cargo após licenciar-se por uma semana para relatar na Câmara dos Deputados o projeto de lei que acaba com as saídas temporárias de detentos, analisou a região de Sorocaba como uma das que mais vão sentir melhorias no enfrentamento ao crime com o fim do benefício.

Por fim, já que o assunto é extenso, outro ponto no pacote da reforma da segurança pública são as famosas audiências de custódia. Pela proposta do texto, elas passariam a ser feitas por videoconferência, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19.

A implementação da medida, segundo estudos de Tarcísio e Derrite, economizaria cerca de R$ 250 milhões anuais aos cofres públicos, evitando o deslocamento de viaturas. A medida também permitiria manter um efetivo maior no policiamento ostensivo.

Dessa forma, segundo Derrite, o fim das saídas temporárias foi apenas o primeiro dos diversos avanços que os agentes públicos terão ao tornar as leis mais rígidas. Ele afirma não ser contra a ressocialização, mas, conforme pensa, ela deve acontecer depois que a pena seja cumprida integralmente.

A despeito das articulações do secretário e do governador, em que pesem também as posições contrárias, uma coisa é mais do que certa, ações mais enérgicas e uma legislação mais rigorosa contra a criminalidade são necessárias.

Isto porque o sentimento de impunidade ainda é latente em meio à sociedade, justamente aquela que precisa estar no topo dessa discussão, já que segurança pública e direito à vida é um dever constitucional de Estado.

Portanto, que as ações necessárias sejam tomadas e que as propostas de ambos possam ser levadas a sério e com responsabilidade, a fim de garantir a tranquilidade da população e a preservação dos direitos humanos para todos.