Editorial
Sem quebra-galhos
A meia-estação outono começou ontem, à 0h06, um período de temperatura amena, isto é, nem muito quente, nem muito frio.
O calorão dos últimos dias judiou dos sorocabanos e chegou, em alguns momentos, a bater recordes para o verão. Agora, a princípio, virá o refrigério tão desejado pelas pessoas, mas, conforme boletins do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o outono será marcado por temperaturas e índices de chuva acima da média na região sudeste, principalmente no Estado de São Paulo.
E, quando se fala em quantidades excessivas de chuva, o sorocabano já fica ressabiado, vez que a cidade passou por momentos tão difíceis que, em janeiro passado, o prefeito Rodrigo Manga decretou estado de calamidade após as fortes chuvas de verão.
Entre os variados problemas enfrentados no município, por conta de fortes chuvas, está a queda de galhos e árvores.
Felizmente, o jornal Cruzeiro do Sul trouxe, em sua edição de ontem (20), notícia de que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) autorizou 41% dos pedidos de cortes de árvores em Sorocaba.
Entre 1º de janeiro e 14 de março deste ano, foram autorizados 87 cortes — 41,42% das 210 solicitações. O número pode parecer pouco, frente à quantidade de pedidos, mas já é alguma coisa, afinal as preocupações com quedas de árvore são grandes.
Em janeiro, houve registros de árvores ou galhos que caíram sobre carros, muros e casas; e essa é uma das preocupações dos sorocabanos.
Quase que, diariamente, este jornal e a rádio Cruzeiro FM 92,3 reportam problemas e queixas de cidadãos sobre os riscos de quedas de árvores ou galhos em períodos de fortes chuvas. Neste ano, apesar de estarmos no outono, já há previsão de elevadas precipitações pelos institutos meteorológicos.
Ontem, no final da tarde, a Defesa Civil de São Paulo emitiu um alerta sobre a possibilidade de pancadas de chuva em diversas regiões do Estado, incluindo a de Sorocaba, previstas para hoje, amanhã e sábado. De acordo com o órgão estadual, a precipitação pode chegar a 80 milímetros e ser acompanhada de ventos.
Condições importantes que colocam a arborização da cidade em risco, por isso, a necessidade de podas ou cortes específicos para evitar que novos acidentes aconteçam.
Na reportagem desenvolvida pelo jornalista Vinicius Camargo, na edição de ontem, a Sema informa que houve, também, 78 solicitações de poda, totalizando 288 processos; e que a Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) executou 659 podas e 56 retiradas no período de janeiro a março deste ano.
Em todo o ano de 2023, a Sema contabilizou 1.859 pedidos, sendo 1.503 de corte e 356 de poda. Desses, 451 de supressão (24,26%) liberados por meio de Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRAs), enquanto a Serpo realizou 557 podas e 380 remoções.
Ainda, de acordo com a Sema, há 712 processos — no acumulado geral, incluindo anos anteriores — com o corte autorizado e aguardando o munícipe firmar o TCRA.
O TCRA nada mais é do que uma forma de o cidadão compensar a natureza pelo corte ou supressão de uma árvore, seja ela qual for.
De acordo com a Sema, a compensação ambiental visa reparar ou diminuir o dano à cobertura vegetal. A exigência está prevista na Política Municipal do Meio Ambiente (lei municipal 10.060/2012).
A pasta explica que o procedimento consiste, preferencialmente, no plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica e do Cerrado.
Elas devem ser plantadas no imóvel ou em áreas de intervenção, em quantidade a ser calculada conforme especificado no decreto municipal 21.097/2014.
Desse modo, pode-se afirmar que a segurança do cidadão passa também por rigorosa regra legal, a fim de que todos nós, cidadãos, empresas e entes governamentais, sejamos responsáveis pela manutenção do ecossistema, garantindo, também, a sobrevida das próximas gerações.