Editorial
Uma solução difícil
Congestionamentos, afunilamentos, engarrafamentos, semáforos queimados ou dessincronizados, vias sem asfalto, vias com asfalto precisando de reparos... São várias as queixas e reclamações dos motoristas sorocabanos no dia a dia.
Situações que convergem com o aumento da frota de automóveis na cidade, criando mais dificuldades para quem está no trânsito, todos os dias, em especial, nos horários considerados de pico.
O jornal Cruzeiro do Sul trouxe, nesse final de semana, uma fatia dessa situação em reportagem escrita pela jornalista Vanessa Ferranti. Nessa reportagem, a região escolhida foi a da avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, no Alto da Boa Vista. Sob o título: “População cobra medidas para melhorar o trânsito no Alto da Boa Vista”, a matéria já destaca, logo de cara, o tempo que o motorista perde ao fazer um trajeto que, em condições normais, não demoraria nem mais que a metade dos 40 minutos perdidos. E é justamente esse o ponto: nos dias de hoje, quem tem tempo a perder?
Uma das áreas mais atingidas nessa região é a confluência das avenidas Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes com a Três de Março, que desde o final do ano passado vem passando por obras de duplicação, entre outras melhorias. Mas enquanto essas melhorias não aparecem, o problema, praticamente crônico, repete-se diariamente.
Na terça-feira passada, o Cruzeiro do Sul fez uma enquete nas redes sociais sobre o trânsito no Alto da Boa Vista com a seguinte pergunta: “Você acredita que esse problema pode ser resolvido?”. Um total de 36 pessoas respondeu à pesquisa. Dessas, 25 disseram sim e oito não. As demais, não responderam efetivamente se “sim ou não”, mas participaram com sugestões de como a situação pode ser melhorada.
Um leitor escreveu, por exemplo, que “seria necessário melhorias no tempo dos faróis”; outro disse que uma boa opção seria “abrir uma via atrás da prefeitura”. Muitos também responderam que, para aumentar a fluidez no trânsito, o ideal seria investir no transporte público e implementar um metrô na cidade.
O trânsito é um problema urbano, e a maior parte das cidades, senão a totalidade, sofre com essa situação. Todos os dias, durante o Jornal da Cruzeiro, da rádio Cruzeiro FM 92,3, ouvintes mandam mensagens falando sobre os mais variados problemas no trânsito da cidade.
Ontem (18), pela manhã, a situação era complicada no acesso da rodovia Raposo Tavares; à tarde, a situação se repetia.
No Campolim, onde as queixas são diárias, houve um capotamento, e sempre que acontece um acidente, a questão fica mais complicada ainda, seja em qual lugar for.
O entroncamento das avenidas Antônio Carlos Comitre, Washington Luiz e Barão de Tatuí é outra situação e que já virou reclamação comum.
Então, o que fazer?
Em reportagem publicada por este jornal, no dia 17 de julho de 2022, com o título “Obras viárias prometem ‘mudar’ Sorocaba”, trazia a informação de que a Prefeitura de Sorocaba e a Urbes, juntas, estariam investindo num pacotão de 22 obras de mobilidade urbana, sendo, desse total, 12 com financiamento internacional do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Entre as grandes obras, estão as que vêm ocorrendo na avenida Três de Março; a construção de mais quatro pontes; a primeira etapa da marginal direita da avenida Dom Aguirre, entre a alameda Batatais e a rua Padre Madureira; e a elevação da avenida Quinze de Agosto, que costuma alagar nos períodos chuvosos.
Estudiosos, como o advogado e especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária Renato Campestrini, defendem algumas alternativas para tentar solucionar essa problemática.
Entre as soluções propostas está a questão de novos modos de transporte para serem ofertados, bem como intensificar os conceitos de cidade 3C: curta, conectada e coordenada, em que os deslocamentos para o trabalho, estudo, lazer, ocorrem em tempos inferiores a 30 minutos.
O BRT e o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), além do uso de bicicletas em alguns trechos, também são uma alternativa para tentar resolver essa difícil equação do trânsito sorocabano, lembrando que esse não é um problema exclusivo de Sorocaba.
A verdade é que essa é uma luta diária de todos, e muito mais do Poder Público, que precisa investir e buscar soluções que, pelo menos, minimizem os impactos do desenvolvimento urbano.