Editorial
Paz no trânsito começa por você
A educação no trânsito não começa nas autoescolas (...) vem da educação recebida em casa, dos valores morais, éticos e cívicos de cada cidadão
Três graves acidentes foram registrados nesse final de semana, em Sorocaba e Itu. Dois aconteceram na rodovia Santos Dumont e resultaram na morte de duas pessoas e o outro, na avenida Ipanema, em Sorocaba, que ceifou a vida de duas pessoas. Mas o que estaria por trás desses acidentes? Negligência? Imprudência? Imperícia? Ou a infraestrutura oferecida pelas esferas públicas nas estradas e vias das cidades?
Pode-se dizer que um pouco de cada uma e nessa mesma ordem. O objetivo deste editorial não é julgar ninguém, mas propor uma reflexão.
Na noite de sexta-feira (7), o acidente ocorrido na rodovia Santos Dumont, próximo ao quilômetro 28, deixou o saldo de uma morte e três pessoas feridas.
De acordo com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), um veículo VW Voyage trafegava na rodovia, quando bateu na traseira de um GM Corsa.
O veículo atingido capotou e duas pessoas foram arremessadas do carro; elas chegaram a ser socorridas, porém, uma delas morreu 40 minutos depois no hospital.
Depois, na madrugada de domingo (10), outro acidente aconteceu na rodovia Santos Dumont, próximo ao quilômetro 16, perto de onde ocorreu o acidente anterior, de sexta-feira (7).
No de domingo morreu o motorista de um GM Celta que, segundo a Artesp, por razões desconhecidas, dirigia em alta velocidade pela contramão, provocando o acidente que resultou na morte dele e ferimentos no motorista do Toyota Cross, envolvido na colisão frontal.
Devido a esses dois acidentes, demais usuários da rodovia tiveram problemas por conta da interdição necessária feita nas pistas, para o socorro das vítimas e remoção dos veículos atendidos.
E o tempo de espera sempre demandará conforme o tempo de cada instituição que atende a ocorrência, como o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Rodoviária, a Polícia Científica.
Tudo isso significa dinheiro dos cofres públicos que precisam ser alocados para repor a ordem no local do acidente.
Mas, como se diz: acidentes acontecem, não é mesmo!Porém, trata-se de um pensamento equivocado, já que, para ocorrerem, precisa haver uma somatória de fatores e, geralmente, descobrimos que houve falha humana ou mecânica.
No segundo caso de Itu, o motorista trafegava pela contramão; mas, por quê?
No primeiro caso, foi uma colisão traseira, mas quais os fatores que levaram a esse acontecimento?
Em Sorocaba, na metade do período da manhã e domingo, segundo relatos de populares e também da polícia, houve um racha entre dois automóveis que resultou numa grave colisão na avenida Ipanema, perto de um supermercado o que já torna a condição mais importante ainda, já que era de manhã, muitas pessoas estavam nas ruas e outras tantas comprando produtos naquele supermercado.
Qual a justificativa para que dois motoristas se motivem a tirar racha?
Essa prática é crime previsto no artigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro, cujas penas, relacionadas a dois incisos, preveem detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Bem, sinceramente, não há justificativa alguma para essa prática delituosa no trânsito, que, nesse caso, resultou, infelizmente, na morte de duas pessoas e ferimentos em outras.
Havia muita gente na rua e indícios de que o racha aconteceu de fato, já que o condutor do segundo carro envolvido fugiu, deliberadamente, da cena do crime.
O racha entre esses dois carros resultou em danos ao erário, já que o gradil da ciclovia foi arrancado e, o pior, tirou a vida de um homem de 75 anos e uma mulher de 46.
Num momento de desespero, dezenas de pessoas correram para ajudar a destombar o carro, mas a gravidade do acidente já era evidente.
A pista da avenida Ipanema, apesar do alto fluxo de veículos todos os dias por aquela via, tem condições seguras, haja vista, por exemplo, o gradil que protege pedestres e ciclistas que usam a ciclovia compartilhada no canteiro central.
Diante do exposto, pode-se afirmar, então, que, numa avaliação empírica, a ordem dos fatores causadores de acidentes é negligência, imprudência, imperícia e infraestrutura das vias, incluindo aqui desde a pavimentação, sinalização, passando pela segurança das pessoas e, finalmente, iluminação.
Assim, conclui-se que a educação no trânsito não começa somente nas autoescolas e cursos de formação de condutores, vem da educação recebida em casa, dos valores morais, éticos e cívicos de cada cidadão e, por fim, de uma reeducação mais severa e punitiva por parte do Estado que, como responsabilidade por um trânsito seguro, deve manter as vias públicas em perfeito estado de circulação.
Dessa forma, então, o que hoje parece uma utopia, pode sim tornar-se uma realidade.
A paz no trânsito começa por você!!!