Cerrado brasileiro é um grande celeiro para o país, com potencial de alimentar muito mais pessoas do que já alimenta, inclusive de outros países.

Soja, milho, feijão e arroz são os principais produtos que saem dos campos desse importante bioma, formado por Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e partes do Estado de São Paulo.

A segunda maior formação vegetal do país, após a floresta amazônica, o Cerrado concentra-se principalmente no Planalto Central Brasileiro.

Estudos indicam que a região tem uma das maiores biodiversidades do mundo. Sua vegetação possui características predominantes, como árvores de tronco grosso e tortuoso, além de gramíneas e arbustos.

Sorocaba tem um bairro que leva o nome de Cerrado. Em 2015, a prefeitura local iniciou um levantamento de áreas remanescentes desse tipo de vegetação no município.

Foi identificada uma extensão significativa próxima à zona industrial, além dos bairros de Brigadeiro Tobias, Inhayba, Mato Dentro, Caguaçu e Campininha.

No final de fevereiro, o Fórum Econômico Mundial lançou um relatório que mostra como um novo modelo de crescimento no Cerrado poderia gerar US$ 72 bilhões por ano para a economia do Brasil até 2030, equilibrando medidas de proteção ambiental e impulsionando a produção sustentável de alimentos, gerando mais empregos e turismo e explorando as chamadas indústrias verdes.

O estudo foi baseado nas análises dos dados do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, elaborado pela empresa Systemiq, parceira na elaboração do relatório.

Por meio de pesquisas e entrevistas com especialistas, o relatório propõe soluções para o uso adequado e equilibrado do bioma, incluindo a agrossilvicultura e a agricultura regenerativa, que criariam condições para a produção de alimentos de forma mais sustentável, aumentando a produtividade e proporcionando mais empregos.

A pesquisa considera o Cerrado um celeiro global, responsável por 60% da produção agrícola do Brasil e 22% das exportações globais de soja, mas que recebe muito menos atenção e proteção legal do que a floresta amazônica.

Como comparativo, houve aumento de 43% no desmatamento no ano passado no bioma ante uma queda de 50% na Amazônia, de acordo com dados oficiais do governo reproduzidos na pesquisa.

Além de ser uma potência na produção de alimentos, o Cerrado também tem uma grande vocação para a bioenergia (energia derivada de plantas e outros recursos naturais) e já abriga um terço das instalações de biogás do Brasil.

A realidade mostra que o desenvolvimento da agricultura de exportação em municípios da região Centro-Oeste fez a população de algumas cidades dobrarem de tamanho em uma ou duas décadas.

O agronegócio leva a reboque toda uma cadeia de serviços e comércio, atraindo investimentos e fazendo girar a economia dessas regiões.

A agricultura no Cerrado é favorecida pelo solo fértil e presença de água em quantidade suficiente.

Para garantir a sustentabilidade da produção agrícola, é necessário cuidar do meio ambiente e investir em tecnologias e práticas agrícolas sustentáveis, afirmam especialistas.

O desafio a ser levado muito a sério — não só por administradores públicos, gestores ambientais, mas também por grandes produtores agrícolas — consiste em equilibrar o uso da terra para garantir alimentos ao Brasil e ao mundo, mantendo a biodiversidade por meio de áreas de conservação, margens de rio, nascentes e trechos de vegetação mais fragilizadas, a fim de serem reconstituídas.

O mar de plantações que se vê das rodovias que cruzam esses Estados brasileiros é tão extenso que torna a paisagem monótona.

A produção agrícola brasileira tem potencial de crescimento ainda maior nas próximas décadas.

É essencial criar condições de equilíbrio econômico e ambiental no Cerrado, que garantam a comida na mesa para futuras gerações, de maneira sustentável, e preservem sua importante biodiversidade.