Editorial
Internacionalização: a novela continua
Rezamos para que não seja mais uma promessa para ser cumprida no Dia de São Nunca à tarde
“Internacionalização do aeroporto deve ocorrer ainda em 2023” - 7 de agosto de 2023; “Obras para internacionalização do aeroporto devem ser concluídas em 2022” - 31 de julho de 2022; “Em fase final a internacionalização do aeroporto de Sorocaba” - 10 de outubro de 2021; “Há oito anos aeroporto de Sorocaba reivindica internacionalização” - 13 de setembro de 2020...
Estes são apenas alguns dos inúmeros títulos apresentados pelo sistema de busca do portal do jornal Cruzeiro do Sul (www.jornalcruzeiro.com.br) quando o leitor digita a palavra “internacionalização”.
Diante do resumido histórico acima, até mesmo os sorocabanos ultra-crédulos devem estar com a pulga atrás da orelha com relação ao cumprimento do prazo apontado no mais recente compromisso assumido sobre a sonhada e tão necessária internacionalização do Aeroporto Estadual de Sorocaba - Bertam Luiz Leupolz.
Na quinta-feira da semana passada (22), a esperança de que o município se consolide como o mais importante polo de manutenção de aeronaves executivas do Brasil foi renovada com a notícia de que o processo burocrático será acelerado para que a oficialização do ato seja anunciado “brevemente”.
A garantia foi dada por nada menos do que o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, diretamente ao prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), durante reunião em Brasília.
De acordo com o chefe da pasta federal, os trâmites para essa efetivação já estão em andamento e ele virá pessoalmente fazer o anúncio, mas não disse quando.
“Estamos trabalhando com todo o nosso empenho para avançarmos na internacionalização desse aeroporto. Sorocaba será o maior hub de manutenção da América Latina.
Essa internacionalização será fundamental para a aviação brasileira e, sobretudo, para o desenvolvimento econômico da cidade e região”, teria dito Costa Filho ao chefe do Poder Executivo sorocabano. Evidentemente, todos queremos que, dessa vez, a história tenha um final diferente.
Rezamos para que não seja mais uma promessa para ser cumprida no Dia de São Nunca à tarde. Lamentavelmente, não podemos deixar de fazer um paralelo com anúncio semelhante feito em 7 de agosto do ano passado pelo antecessor do atual mandatário de Portos e Aeroportos, Márcio França.
Naquela data, durante visita à cidade, para conhecer a estrutura da Embraer, os hangares e as demais instalações do aeroporto, ele assegurou que a habilitação para operações de pousos e decolagens de aeronaves oriundas e/ou com destino a outros países seria concedida ainda em 2023.
A Rede VOA, vencedora da licitação realizada em 2022 para a concessão do aeroporto local e de outros 16 no Estado de São Paulo, endossou a fala do ministro e até acrescentou que já havia investido cerca de R$ 2 milhões nas adaptações necessárias “para o processo ser concretizado é até o fim deste ano (2023)”, acrescentando que, “assim que essa etapa estiver concluída, o objetivo é ampliar os voos executivos e, conforme análise da demanda, promover voos comerciais de passageiros”.
Outro ponto discutido durante a visita de França foi a autorização para funcionamento no modo IFR, ou seja, para o aeroporto funcionar por instrumentos.
Nesse caso, mesmo em condições de baixa visibilidade, ou noturna, seria possível operar o aeroporto por instrumentos. Como todos sabem, nenhuma das propostas apresentadas naquela ocasião saiu do papel.
Às vésperas de completar 81 anos de existência, o ex-Aeroporto Araçoiaba guarda uma imensa lista de frustrações. Literalmente construído com o suor do rosto da própria população -- à custa de muitas campanhas para arrecadação de dinheiro e muito empenho pessoal --, suas conquistas advém de lutas encarniçadas e a perder de vista.
No entanto, a novela da internacionalização é a mais duradoura de todos. Avaliando as incontáveis idas e vindas, com capítulos dignos de um autêntico drama mexicano, um dos maiores malogros foi registrado em junho de 2021.
Naquele mês, o Aeroporto Catarina, pertencente ao grupo JHSF, instalado em São Roque apenas dois anos antes, comemorava a autorização de todos os órgãos necessários para realizar operações internacionais.
Para evitar que o aeroporto sorocabano fique, novamente, a “ver navios”, é necessário que todas as forças representativas do município se unam para cobrar o governo federal e quem quer que seja para que a palavra empenhada não suma no éter, como de costume.