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Editorial

Pedindo passagem

O projeto de ampliar a rodovia José Ermírio de Moraes, a Castelinho, por enquanto, está só na intenção

27 de Fevereiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A Castelinho é uma das principais vias de acesso a Sorocaba
A Castelinho é uma das principais vias de acesso a Sorocaba (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (16/2/2024))

O maior volume de veículos torna as vias estreitas. Já diz a lei da física, que dois corpos (ou no caso dois veículos) não podem ocupar o mesmo espaço. Quem acorda cedo para ir trabalhar enfrenta, em Sorocaba e outras cidades da região, congestionamentos diários nas principais avenidas e rodovias.

São muitos querendo ocupar o mesmo espaço. Daí se acrescenta na equação o fator tempo. Mais o condutor irá demorar para poder chegar ao seu destino. Com isso, para cumprir horários, ele acaba se antecipando e assim vai perdendo horas de lazer e de convivência com a família. O projeto de ampliar a rodovia José Ermírio de Moraes, a Castelinho, por enquanto está só na intenção.

Como noticiado recentemente pelo Cruzeiro do Sul em duas reportagens, a Artesp admite que há proposta nesse sentido, cujas obras ficarão a cargo da próxima concessionária, mas que só deve ser definida a partir de março de 2025. Até lá, quem precisa passar pela Castelinho diariamente vai ter que continuar convivendo com os congestionamentos.

O fluxo na principal via que liga Sorocaba à Castello Branco, portanto à grande parte dos destinos no interior paulista ou na capital, vem se avolumando mais e mais.

Novas empresas que se instalaram na região geram riquezas, empregos e impostos, mas sem a adequação necessária no tráfego é preciso contornar dificuldades para cumprir prazos de entrega de matérias-primas e componentes e no envio de produtos finalizados.

A própria Castello Branco tem há anos, trânsito pesado. E nos feriados prolongados nem se diga. Muitos motoristas preferem, nesses dias, rodar mais, por rodovias secundárias, a ter que ficar parado (ou quase parado) para sair ou chegar à capital paulista. Até a rodovia Raposo Tavares, mais sinuosa e que margeia cidades, se torna uma opção para distâncias maiores.

A qualidade das rodovias concedidas é boa, dado o preço do pedágio que se paga. O que se vê, no entanto, é a falta de planos a longo prazo para melhorar a movimentação dos veículos em menor tempo possível.

Para poupar tempo nos pedágios há a cobrança automática. Os minutos que se ganham por esse sistema parecem perdidos ao encontrar logo à frente um caminhão querendo passar outro em rodovia de duas faixas, ou um carro mais vagaroso cujo condutor insiste em seguir pela faixa da esquerda.

Se falando de vias urbanas, o problema com certeza é maior. Pois além da quantidade de veículos que se acumula em ruas e avenidas estreitas, há os semáforos e as lombadas, algumas colocadas em seguida à outra.

Em alguns momentos nos horários de pico e em ocasiões em que se espera chegar rápido para um compromisso parece que todos os envolvidos no sistema de trânsito planejaram empecilhos de propósito para o resultado adverso.

A própria lombada é um obstáculo. Sua finalidade é reduzir acidentes e trazer segurança, no entanto se vê exageros, como lombadas próximas a valetas, em que o veículo já precisar diminuir a velocidade para não danificar a suspensão ou em subidas íngremes.

Em outra reportagem publicada pelo Cruzeiro, no início do mês, motoristas relataram melhorias no trânsito de Sorocaba com a inauguração de viadutos na zona norte.

O tempo de percurso diminuiu, segundo eles. Mas os viadutos ficam sobrecarregados de veículos nos horários de pico, geralmente no início da manhã e final da tarde.

A opção é utilizar vias alternativas, passando por bairros. A conta do relógio para se chegar em casa acaba sendo quase a mesma.

Existe ainda a proposta, aplicada por várias empresas, que tem a ver com a equação de tempo e não do espaço. É simples, já foi citada inclusive em alguns editoriais deste jornal, mas encontra resistência talvez pelo fator cultural: a mudança dos horários de trabalho nas empresas, escritórios e centros administrativos.

Em vez de entrar às 8h, por exemplo, o funcionário poderia entrar uma ou duas horas depois e também sair mais tarde. Desta maneira, pegaria vias livres na ida e volta, não só para quem tem veículo próprio, mas também para os que utilizam o transporte coletivo.

Os problemas cotidianos trazem desafios e a melhor maneira é debatê-los a fim de que se encontrem alternativas válidas para sua solução ou pelo menos torná-los menores.