Editorial
Progresso e sensatez devem seguir lado a lado
O crescimento populacional traz desafios para a administração pública, afinal a demanda de serviços aumenta na mesma proporção
Em 12 anos, Sorocaba cresceu 23,31%, no quesito população. Em 2010, a cidade tinha 586.625 habitantes. Já os números de 2022 somam 723.574 moradores. Ou seja, 136.949 pessoas nascidas em 12 anos ou que escolheram Sorocaba para viver. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos no último Censo.
Assim, é possível afirmar que, no período, o município cresceu o equivalente à população de Salto, que tem 134.319 habitantes. Esse crescimento populacional traz desafios para a administração pública da cidade, afinal a demanda de serviços aumenta na mesma proporção.
Há novas necessidades, por exemplo, para uma melhor mobilidade. É preciso fazer o trânsito fluir — pois mais veículos estão circulando pelas ruas e avenidas — e garantir um transporte público com qualidade.
A saúde pública e a privada também precisam responder às necessidades da população, assim como todos os outros tipos de serviços. As redes de supermercados já perceberam a demanda e seguem investindo, assim como as escolas, restaurantes, bares, lavanderias e farmácias.
Praticamente todos os dias surge um novo prestador de serviços na cidade. Um setor, em especial, ao que parece, está buscando acompanhar a chegada de novas pessoas à cidade: a construção civil.
Atento às consequências do crescimento populacional da cidade, o jornal Cruzeiro do Sul abordou o assunto como o principal destaque de sua edição do domingo (25). A reportagem publicada na página 5 com o título “Crescimento imobiliário demanda estudos” mostrou que, ao percorrer as ruas e avenidas sorocabanas, é possível enxergar que a cidade está passando por um período de intensa atividade.
Diversos edifícios e condomínios horizontais estão em obras, transformando significativamente a paisagem urbana e afetando a rotina dos moradores. A matéria jornalística trouxer a informação que, de acordo com pesquisa realizada pelo Sindicato Patronal do Mercado Imobiliário (Secovi), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, em apenas seis meses — de janeiro a junho de 2023 —, foram registradas vendas de 2.492 novas unidades residenciais na cidade, um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram vendidas 2.176 unidades.
Ainda segundo o Secovi, Sorocaba foi a segunda cidade com mais imóveis vendidos no interior do Estado de São Paulo, ficando atrás apenas de Campinas. O jornal ouviu, na reportagem, o professor de engenharia civil e membro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), Almir Buganza, que apontou as consequências do crescimento populacional.
“Os aspectos negativos estão relacionados à mobilidade urbana; disponibilidade de prestadores de serviço capacitados; infraestrutura básica; aumento da violência urbana; necessidade de mais recursos para atendimento na área da saúde; além do aumento da poluição, inclusive sonora, e do consumo de energia elétrica e água”, disse o especialista.
O aumento do número de habitantes na cidade, também traz outra questão que não pode ser ignorada: a maior produção de lixo, que, por vezes, é descartado de maneira incorreta, provocando outros problemas urbanos e ambientais.
Segundo o IBGE, no Brasil, cerca de 50% do lixo gerado ainda é depositado em locais incorretos, a céu aberto. O engenheiro Almir Buganza também elencou os aspectos positivos do aumento de moradores, afirmando que “estão relacionados à oferta de serviços característicos de grandes centros, que são atraídos pela demanda, trazendo à cidade novas opções na área gastronômica e serviços; a geração de empregos nas áreas do comércio e serviços; e o crescimento cultural da população nativa”.
Além disso, todo esse crescimento fomenta a economia local, atrai novas empresas e emprega cada vez mais mão de obra. Tudo isso representa aumento da arrecadação municipal e, consequentemente, o poder de investimentos da Prefeitura. A cidade pulsa e parece que tem pressa.
Para acompanhar todo esse desenvolvimento e evitar problemas urbanísticos e ambientais, todos os setores envolvidos precisam — e devem — fazer estudos de impacto populacional e ambiental. Ao poder público, por sua vez, cabe semanter atento e garantir respostas rápidas às demandas de Sorocaba e de sua população.