Editorial
Transparência e isenção
Na hora de decidir, muita gente vai optar por aqueles cargos com maior remuneração, tornando a disputa ainda mais acirrada
O Brasil experimentará, nos próximos meses, um novo modelo de concurso público. Serão milhares de vagas em disputa para vários ministérios e entes públicos.
A proposta inicial desse projeto é fazer com que a unificação traga mais economia e segurança para o Estado no momento de contratar seus novos funcionários.
Para os ‘concurseiros‘, aqueles que há anos se preparam para uma oportunidade como essa, a união de todas as vagas numa disputa só diminui as chances de aprovação.
O candidato terá de optar, na hora da inscrição, qual caminho seguir dentro dos blocos de oportunidades oferecidos pelo governo, deixando de lado outras vagas para as quais ele também teria aptidão.
Na hora de decidir, muita gente optará por aqueles cargos com maior remuneração, tornando a disputa ainda mais acirrada. Só os que estiverem muito preparados é que se darão bem. A esmagadora maioria dos ‘concurseiros‘ ficará de fora à espera de outra edição do ‘Enem‘ dos concursos.
A ministra da Gestão, Esther Dweck, disse, na data do lançamento dos editais, que a inspiração para esse modelo de seleção veio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A expectativa do governo é de que o número de inscrições fique entre dois e três milhões de candidatos.
De acordo com a ministra, a intenção do governo é realizar esse tipo de concurso a cada dois anos.
Nessa edição teste, o concurso unificado oferecerá 6,6 mil vagas para 21 órgãos diferentes.
As provas serão aplicadas em 220 cidades, facilitando a vida de quem tentará uma das vagas. A boa notícia é que Sorocaba está no rol dessas cidades.
Os candidatos que vivem aqui e nos municípios da região metropolitana não precisarão se deslocar muito para realizar o exame.
A opção do governo pelo modelo de prova unificada atende à necessidade de reposição do quadro de servidores.
De acordo com um levantamento realizado internamente, os quadros estão bastante desfalcados em algumas carreiras e é necessária a urgente reposição para garantir a prestação dos serviços públicos.
A União acredita que esse modelo unificado vai acelerar o processo e diminuir o custo de realização das provas, permitindo que mais órgãos sejam atendidos num mesmo edital.
O Ministério da Gestão destacou, em suas justificativas para o projeto, que, nos últimos seis anos, o governo federal perdeu cerca de 73 mil servidores.
Todas as informações para os interessados em participar do concurso unificado estão no edital publicado na quarta-feira, 10, em edição extra do Diário Oficial da União.
Lá, estão descritas as vagas, os salários, os conteúdos das provas e os critérios de classificação e desclassificação.
O prazo para as inscrições vai de 19 de janeiro até o dia 9 de fevereiro e a realização da prova será no dia 5 de maio em dois turnos, manhã e tarde. Os resultados finais serão anunciados em 30 de julho.
A iniciativa do governo parece ser interessante desde que o processo seja feito de forma isenta, transparente e livre de ideologias políticas tanto na elaboração das questões quanto na correção das provas.
Vários setores do Estado, principalmente aqueles que atendem o público diretamente, precisam desse reforço de quadros.
Só que esse não é o único caminho, está na hora de o governo pensar também em como reduzir a folha de pagamento.
Quase tudo o que é arrecadado acaba sendo usado para o pagamento de funcionários. Esse modelo atrasa o desenvolvimento do país, já que obras importantes deixam de ser realizadas. A reposição dos quadros é justa, mas outros caminhos devem ser levados em conta.