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Editorial

Educação financeira requer perseverança

Com o orçamento cada vez mais apertado fica impossível, para a maioria da população brasileira, conseguir manter as contas em dia

16 de Novembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Contas e questões financeiras são preocupação das famílias brasileiras
Contas e questões financeiras são preocupação das famílias brasileiras (Crédito: Divulgação/CDL)

O sonho de toda família é alcançar o equilíbrio financeiro entre o que se ganha e o que se gasta. Uma tarefa cada vez mais difícil diante do descompasso entre os reajustes salariais, o preço de produtos e serviços e a falta de correções nas tabelas das taxas e impostos, principalmente daqueles que incidem sobre a renda do trabalhador.

A tabela do Imposto de Renda da pessoa física, que estava congelada desde 2015, foi levemente atualizada em maio deste ano, mas ainda estamos longe chegar ao patamar da época em que foi lançado o Plano Real. Se considerarmos a inflação acumulada, o rombo no bolso do trabalhador ainda é imenso.

O que houve, em 2023, foi apenas um reajuste na faixa de isenção, que passou de R$ 1.903,98 para R$ 2.112,00. Com a mudança, na prática, fica isento de IR todos aqueles que ganham até R$ 2.640,00 por mês. As outras faixas de cobrança de imposto de renda permaneceram iguais. Isso significa que atualmente tem um número maior de contribuintes dentro da alíquota máxima de 27,5%. Cidadãos que poderiam estar pagando um valor menor de impostos se o governo cortasse suas despesas e voltasse os olhos para o bolso da população.

Com o orçamento cada vez mais apertado fica impossível, para a maioria da população brasileira, conseguir manter as contas em dia, quem dirá pensar em guardar um pouquinho de dinheiro para emergências futuras ou mesmo para investir.

Apesar desse cenário, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lançou na quarta-feira, 15, uma campanha de educação financeira. O objetivo é ofertar conteúdo informativo gratuito que ajude o cidadão compreender mais sobre finanças pessoais e entender processos e planilhas que possam simular o dia a dia das despesas domésticas.

Para quem está tentando renegociar dívidas, a plataforma pode ajudar a mapear a vida financeira e desenvolver um plano sustentável e duradouro de pagamento. O projeto da Febraban foi criado em parceria com o Banco Central e é o primeiro sistema do gênero a utilizar parâmetros da inteligência artificial. A maior preocupação dos bancos, neste momento, é evitar que as famílias fiquem superendividadas. Se isso ocorrer, além do aumento na inadimplência, estaremos excluindo milhões de pessoas do consumo ativo e dificultando o crescimento da economia.

A aposta em prevenção, com auxílio da educação financeira, é a maneira encontrada, nesse momento, para frear gastos que sejam incompatíveis com a renda de cada um.

Uma missão bastante árdua diante de uma população cada vez mais carente de recursos financeiros. A chegada da primeira parcela do 13º salário é vista por muitos como a saída para as dívidas acumuladas na gaveta. Além disso, muitos sonham um poder gastar pelo menos um pouquinho desse dinheiro nas promoções da Black Friday e nas compras de presentes de Natal.

De acordo com a estimativa feita pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Novo Caged), o pagamento do 13º salário para trabalhadores formais injetará cerca de R$ 291 bilhões de reais na economia do País a partir do dia 30 de novembro, data em que a maioria das empresas paga a primeira parcela. Cerca de 8,7 milhões de trabalhadores devem ser beneficiados.

É esse montante que estará em disputa nas próximas semanas. Todo mundo de olho em como ele será gasto e quanto desse recurso será poupado. Governo, prestadores de serviço, comércio e bancos, todos estão atrás dessa renda extra. Só não se sabe ainda quem vai levar o maior quinhão.

O importante é lembrar que janeiro é um mês de muitos gastos extras e é vital manter um pouco do dinheiro do 13º salário disponível para fazer frente a essas despesas. A educação financeira começa assim, aos poucos, juntando cada trocado e economizando tudo que for possível. O processo é lento e exige perseverança uma vez que vários obstáculos vão surgir no caminho. Só com o orçamento equilibrado é que podemos sonhar com um futuro melhor. E isso não vale só para a nossa casa, vale também para os gastos dos municípios, dos Estados e da União. Sem que todos colaborem, continuaremos no vermelho.