Editorial
Uma imagem vale mais que mil palavras
O que não se sabe é quantas vidas mais serão levadas pelo conflito e que novas atrocidades serão engendradas
O governo de Israel está preocupado com a forma como sua imagem está sendo interpretada mundo afora depois de iniciada sua resposta ao ataque do grupo terrorista Hamas. Em muitos países, manifestações pró-Palestina têm procurado minimizar as atrocidades cometidas no dia 7 de outubro e culpar Israel pela guerra que se instalou na Faixa de Gaza. Não são difíceis de encontrar, principalmente nas maiores cidades europeias, atos condenando Israel e pregando a criação de um Estado Palestino.
A preocupação de Israel com sua imagem é tanta que uma contraofensiva, articulada internacionalmente, foi deflagrada neste final de outubro, início de novembro. O principal alvo dessa estratégia são os jornalistas, responsáveis por alimentar a população com informações e análises sobre o conflito.
Aqui no Brasil, o Consulado-Geral de Israel em São Paulo apresentou na quarta-feira (1º), a um grupo de jornalistas dos principais grupos de mídia do País, um vídeo de 44 minutos de duração com imagens do ataque terrorista do Hamas contra moradores do sul de Israel no dia 7 de outubro. As imagens, bastante fortes, foram exibidas de maneira crua, sem censura. São cenas explícitas de atrocidades cometidas naquele dia, muitas delas gravadas e divulgadas pelos próprios terroristas se vangloriando de seus atos durante os ataques.
No filme estão compiladas imagens inéditas de câmeras de segurança, de controle de tráfego e de residências em áreas atacadas. O documento gravado desse momento trágico da Humanidade causou repulsa em quem assistiu, não só no Brasil, mas também em outras continentes. Jornalistas, nos Estados Unidos, viram a exibição e deixaram a sala aos prantos diante do testemunho de crimes sem o menor sentido.
O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, explicou que a iniciativa de produzir e exibir esse vídeo visa, principalmente, combater a desinformação e os discursos que negam ou minimizam a amplitude dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas do dia 7 do mês passado. “O Hamas está por trás de todo o negacionismo que está acontecendo. Por isso, ver este vídeo é importante para mostrar o que de fato aconteceu. Se não reportamos o que aconteceu, não podemos enfrentar esse problema” disse o diplomata.
As imagens do documentário começam com homens armados do Hamas atirando contra automóveis e pessoas em campo aberto ao invadir Israel. À medida que os terroristas penetram nos kibutz e chegam a uma festa de música eletrônica próxima à fronteira com a Faixa de Gaza, mais pessoas são assassinadas.
O vídeo também exibe um áudio gravado de uma conversa entre um membro do Hamas dentro de Israel e os seus pais na Faixa de Gaza. Segundo o governo israelense, a chamada foi feita do celular de uma vítima israelense e gravada por um aplicativo. “Matei dez judeus com as próprias mãos!”, grita o homem para os pais. A voz do outro lado da linha parece de choro e pede para o homem voltar à Faixa de Gaza. Ele parece não ouvir, enquanto repete o número de mortes que causou. Em outros vídeos, as vítimas são vistas amordaçadas e amarradas com as mãos atrás das costas, terroristas aparecem comemorando o ataque. Bebês e crianças aparecem mortos e carbonizados e vítimas aparecem ensanguentadas entre cadáveres empilhados. Desde o ataque do dia 7 de outubro, Israel declarou guerra contra o Hamas e prometeu exterminar o grupo. A ofensiva, segundo informações das autoridades do Hamas em Gaza, deixou mais de 8 mil mortos. O número é contestado por Israel.
A Organização das Nações Unidas (ONU) apela por um “cessar-fogo humanitário imediato” entre as forças israelenses e militantes do Hamas, mas um acordo está longe de ser alcançado, principalmente depois das últimas declarações de um dos chefes do Hamas.
Para Ghazi Hamad, membro do gabinete político do grupo terrorista palestino Hamas, o ataque de 7 de outubro foi apenas o “começo” de uma série de outros ataques que poderão ocorrer. Ele afirmou ainda que Israel “não tem lugar” na terra e que o grupo Hamas vai lutar contra o Estado judeu até a “completa aniquilação de Israel”.
Diante desse cenário, é difícil imaginar que um acordo de paz esteja próximo na região. O que não se sabe é quantas vidas mais serão levadas pelo conflito e que novas atrocidades serão engendradas pelas mentes perversas dos terroristas que, na maior parte das vezes, usa o próprio povo como arma de destruição para justificar seus atos e sua ideologia.
Que os líderes mundiais saibam entender esse momento de uma crise que se estende há décadas e busquem um caminho de conciliação e não argumentos para iniciar um conflito de proporções ainda maiores.