Editorial
O perigo que mora nas redes
De 2022 para 2023, o número de operações da Polícia Federal contra crimes cibernéticos cujas vítimas eram crianças ou adolescentes passou de 369 para 627
Jovens gostam e precisam relacionar-se. Na internet essa interação acontece sobretudo nas chamadas redes sociais. E é exatamente nesses ambientes que espreitam muitos dos perigos e armadilhas do mundo virtual.
Proteger crianças e adolescentes, tornando-os menos vulneráveis é um dos desafios da atualidade. Qual é o pai ou a mãe que não se preocupou com os casos de automutilação motivados por absurdos como o desafio da baleia e afins?
Ou qual pessoa não se horroriza com a existência de redes de pedofilia que constantemente vão parar nos noticiários? Isso, sem citar os danos emocionais, por vezes irreversíveis, causados pelo cyberbullying.
Acompanhar as redes sociais já existentes e as que surgem a todo momento, assim como o conteúdo consumido e postado pelos mais jovens é desafiador para muitos pais.
Muitos desses, há de destacar-se, não são usuários desses meios digitais e desconhecem as ferramentas de controle.
Outro desafio encontrado pelos pais e cuidadores de crianças e adolescentes está no limite entre o devido zelo e a invasão abusiva do espaço necessário para o desenvolvimento de uma individualidade saudável de seu tutelado.
Sem muito alarde, no início desta semana foi lançado o site De Boa na Rede.
Com o conteúdo produzido por meio de parceria entre órgãos públicos e algumas das maiores empresas globais de tecnologia, o portal tem a proposta de informar, passo a passo, como pais e cuidadores podem administrar o uso de plataformas virtuais como o Google, TikTok, Kwai, Youtube, Facebook, X (o antigo Twitter) e o Discord.
Disponibilizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o material foi organizado em forma de guia como uma espécie de “biblioteca virtual”.
No portal ainda são disponibilizadas explicações sobre a problemática do vício em telas e crimes virtuais.
Para quem julga ser esta uma ferramenta desnecessária, uma informação interessante a se ponderar é que, de 2022 para 2023, o número de operações da Polícia Federal contra crimes cibernéticos cujas vítimas eram crianças ou adolescentes passou de 369 para 627, um aumento da ordem de 70%.
Como resultado, só os policiais federais já prenderam, este ano, 291 pessoas, contra 199 detenções realizadas no ano passado.
Em Sorocaba, por exemplo, em 4 de agosto deste ano, conforme notícia veiculada pelo Cruzeiro do Sul, dois homens foram presos pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, acusados de crime ligado à pornografia infantil.
Dias depois, em 10 de agosto, o jornal noticiou outra prisão pelo mesmo motivo, desta vez, de um homem de 52 anos detido em ação da Polícia Federal.
São informações que apontam para a urgência de se acompanhar de perto toda a movimentação e interações dos jovens nas redes sociais. Eles podem ser presas fáceis de vários tipos de crimes.
Com a velocidade frenética das tecnologias e redes sociais, certamente daqui a algum tempo essas informações estarão obsoletas, mas, por ora, o site De Boa na Rede é uma ótima ferramenta de auxílio para pais e responsáveis e deve ser usada sem moderação.