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Editorial

Posse responsável e o reaparecimento da raiva animal

Os recentes casos de raiva humana no Brasil relembram o potencial altamente letal do vírus e a importância da vacinação

12 de Outubro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Cachorro sendo vacinado contra a raiva
Nos últimos meses houve casos de raiva animal no Estado (Crédito: Reprodução)

Ter um animal de estimação engloba muitas alegrias, mas também algumas obrigações e, entre elas, está a de manter a vacinação contra a raiva em dia. Tal determinação é definida em lei, sendo importante destacar que a não realização de campanhas públicas de vacinação não exime os responsáveis por cães e gatos de imunizarem seus animais de estimação com veterinários e profissionais qualificados, conforme parágrafo 3º do Art. 10 da Lei nº 8.354/07.

Em 2021, o Estado de São Paulo foi classificado pela Organização Pan-Americana da Saúde como área livre de raiva pela variante canina, por mais de 10 anos. Por conta disso, o governo estadual emitiu nota técnica suspendendo as campanhas anuais de vacinação e definindo como estratégia a aplicação de vacinas em animais que tiverem contato com morcegos e ações de bloqueio, quando for necessário.

Entretanto, nos últimos meses houve casos de raiva animal no Estado. Em Sorocaba, o primeiro registro do ano aconteceu em maio. A doença foi detectada em um morcego urbano. O segundo caso sorocabano apareceu em julho. Também há ocorrências em outras cidades da região. Durante o primeiro semestre de 2023, o Departamento Regional de Saúde de Sorocaba (DRS) contabilizou 11 casos de raiva em animais. A doença, que é quase sempre fatal, pode infectar diversas espécies como bovinos, caninos, equinos, ovinos, morcegos e antas.

Recentemente, quatro casos de raiva bovina foram confirmados: dois em Ibiúna, um em Ribeirão Grande e outro em Piedade. Em São Roque foram três casos, sendo um em morcego hematófago, um em equino e outro em anta. Em São Miguel Arcanjo, um caso em anta e, em Araçariguama, um em morcego hematófago. Neste ano, ao menos dois homens morreram pela raiva no Brasil -- um após o contato com um bezerro doente em Mantena (MG) e outro após ser mordido por um sagui em Cariús (CE). O Instituto Butantan destaca que os recentes casos de raiva humana no Brasil relembram o potencial altamente letal do vírus e a importância da vacinação pré ou pós-exposição ao vírus.

Essas ocorrências devem acender um grande alerta aos tutores e autoridades competentes. Os números mostram quedas expressivas no número de animais imunizados pelo município. Em matéria publicada pelo Cruzeiro do Sul em fevereiro deste ano, a Prefeitura informou que as duas últimas edições da campanha de vacinação antirrábica ocorreram em 2017 e 2018, quando foram vacinados, durante o ano todo, respectivamente, 35.265 e 45.826 animais. Em 2022, entretanto, apenas 1.467 animais foram vacinados contra a raiva pela Zoonoses de Sorocaba. Ainda assim, a cobertura vacinal supera em 6% o montante do ano anterior, quando 1.379 animais foram imunizados. O maIs provável é que esses animais tenham sido vacinados em consultórios veterinários particulares ou mesmo em clínicas populares voltadas ao atendimento dos bichos.

É importante que todos os tutores fiquem atentos à carteira de vacinação de seus pets, pois isso também faz parte da tão necessária posse responsável. Para quem precisar vacinar seu cão ou gato contra a raiva, a Prefeitura de Sorocaba possui um posto fixo de vacinação na Seção de Controle Animal da Secretaria da Saúde (SES), que funciona há 10 anos. É necessário agendar horário pelo telefone (15) 3222-2484, das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira. O local fica na rua Rosa Maria de Oliveira, 345, no Jardim Zulmira.