Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

A Inteligência Artificial no foco dos debates

Como tudo é muito novo, a curva de aprendizado de como utilizar bem esse tipo de ferramenta ainda não foi dimensionada

12 de Agosto de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A velocidade da evolução dos sistemas é muito maior do que podemos compreender
A velocidade da evolução dos sistemas é muito maior do que podemos compreender (Crédito: Reprodução)

O uso da tecnologia e, por consequência, da Inteligência Artificial (IA), é cada vez mais comum no dia a dia das pessoas. É um caminho sem volta. Para nós, meros mortais, resta mergulhar nesse aprendizado e adaptar nossa cultura e nossas manias a essa revolução que está por vir.

Em todas as áreas do conhecimento, o uso da tecnologia e da Inteligência Artificial ganha espaço. Tarefas que levavam semanas de trabalho e muita pesquisa, agora são realizadas em segundos pelos computadores.

A capacidade desses robôs, escondidos atrás das telas, não tem como ser medida pela matemática que aprendemos nos bancos escolares.

Como tudo é muito novo, a curva de aprendizado de como utilizar bem esse tipo de ferramenta ainda não foi dimensionada. Até lá, serão necessárias muitas tentativas, erros e correções de rota.

Trocando em miúdos, com um certo reducionismo, a Inteligência Artificial parte do campo das ciências da computação em que máquinas ou algoritmos realizam uma série de tarefas.

Essa automação é usada em buscas na internet, compras no comércio eletrônico, serviços bancários virtuais, aplicativos e smartphones, entre diversos outros produtos e serviços.

Da mesma forma que a Inteligência Artificial pode trazer inúmeras vantagens, principalmente praticidade, velocidade e qualidade dos serviços, também pode esbarrar em questões éticas, morais e sociais.

É um sistema muito poderoso que se for usado de forma irresponsável pode trazer sérios problemas para a sociedade.

Entre os principais riscos, segundo os especialistas, está a falsificação deliberada de informações. Esse artifício pode gerar um sem número de fake news e também as temidas e famigeradas deepfakes, verdadeiras distorções da realidade produzidas por computador.

As deepfakes podem criar imagens associadas à voz que reproduzem, à aparência de uma pessoa e, até, à sua maneira de falar.

Esses vídeos, se disseminados pela internet e pelas redes sociais, podem provocar estragos irreparáveis da reputação de um ou de outro indivíduo.

A Inteligência Artificial tem evoluído de forma muito rápida. A legislação da maioria dos países não está preparada para essa nova modalidade de negócio.

Há necessidade de correr contra o tempo para que os ajustes necessários sejam feitos e isso vale tanto para as áreas trabalhistas, as de direito autoral e até mesmo o comportamento ético que se deve ter diante de arma tão poderosa.

A discussão tem de ser feita num nível elevado, com muitos estudos técnicos e bem distante das ideologias políticas.

América Latina, Brasil e Chile aparecem na liderança no primeiro índice de inteligência artificial (IA) criado para medir o nível de desenvolvimento tecnológico dos países.

O Índice Latino-Americano de Inteligência Artificial, divulgado na sexta-feira, 11, foi elaborado pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile e avaliou cinco aspectos, que incluem os elementos necessários para se desenvolver um sistema de IA robusto em cada país e os níveis de pesquisa e desenvolvimento, além da governança.

O estudo também procurou discutir como essa nova tecnologia é percebida nas redes sociais e nos meios digitais, as tendências acadêmicas e a visão dos especialistas sobre o impacto social.

A conclusão a que se chegou é que nenhum país está totalmente preparado para enfrentar essa mudança de paradigma.

“Nenhum país concentra todas as coisas consideradas essenciais e que são avaliadas nesse índice. Nenhum país o faz perfeitamente", explica o diretor do Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile, Rodrigo Durán, um dos responsáveis pelo estudo.

Pelo levantamento realizado, o Chile marcou 73,21 pontos. O Brasil, 65,31. O Uruguai aparece com 54,99 unidades, à frente de Argentina (54,76), Colômbia (53,18), México (48,55), Peru (41,66), Costa Rica (38,97), Panamá (24,66), Equador (22,17), Paraguai (18,82) e Bolívia (15,10).

Como se pode notar há um abismo enorme entre as nações, o que pode dificultar e distorcer, ainda mais, o uso dessa tecnologia, uma vez que todos os sistemas passam a ser interligados; e as fronteiras, geográficas e ideológicas, deixam de existir.

Esse tema ainda vai render muito debate e controvérsia. A velocidade da evolução dos sistemas é muito maior do que podemos compreender. Confiar cegamente na Inteligência Artificial, só porque tudo é produzido por uma máquina mais sofisticada, acaba sendo algo muito perigoso.

Devemos estar atentos a essa evolução e participar decisivamente das discussões sobre esse assunto. É hora de colocar a cabeça para funcionar, antes que as máquinas acabem pensando por nós.