Buscar no Cruzeiro

Buscar

Editorial

Esquerda volver

Deve ser difícil compreender uma escola cujos principais valores são o civismo, a dedicação do aluno, a excelência de ensino, a honestidade e o respeito

12 de Julho de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Primeiro dia de aulas no CED 01 da Estrutural, uma das escolas públicas do DF onde foi implementado o modelo cívico-militar
Primeiro dia de aulas no CED 01 da Estrutural, uma das escolas públicas do DF onde foi implementado o modelo cívico-militar (Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

O Governo Lula e seus ideólogos decidiram prestar mais um desserviço ao Brasil. Sem se preocupar com linhas de pensamento divergentes, a União quer encerrar, até o fim do ano, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, uma das prioridades do Ministério da Educação na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A decisão, anunciada na segunda-feira, 10, foi tomada em conjunto pelo MEC e pelo Ministério da Defesa. Um ofício, informando a morte do modelo já foi enviado para os secretários de Educação de todo o País. Segundo o documento, aos poucos, o pessoal ligado às Forças Armadas será retirado das unidades escolares. A recomendação do MEC é que o processo seja cuidadoso para não atrapalhar o cotidiano dos alunos.

Uma nota técnica preparada pelos especialistas do ministério justifica os motivos para o fim do projeto. De acordo com o texto, o “programa induz o desvio de finalidade das atividades das Forças Armadas”. Outros quatro motivos foram elencados: problemas de execução orçamentária, os investimentos poderiam ser melhor aplicados em outros programas da pasta, quebra de coesão com o sistema educacional brasileiro e as características do modelo didático-pedagógico adotado.

Para os pensadores da esquerda, ligados ao Governo Lula e alojados no Ministério da Educação e em outras pastas, deve ser difícil compreender uma escola cujos principais valores são o civismo, a dedicação do aluno, a excelência de ensino, a honestidade e o respeito. Temas que são pouco valorizados para alguns militantes que atuam no ensino.

O estudo que baseou e fim das escolas cívico-militares diz, textualmente, que “as características do programa e sua execução até agora indicam que sua manutenção não é prioritária e que os objetivos definidos para sua execução devem ser perseguidos mobilizando outras estratégias de política educacional. Desaconselhamos que o programa seja mantido”.

Dados do próprio Ministério da Educação apontam que atualmente o País tem 216 unidades cívico-militares espalhadas em 23 Estados e no Distrito Federal. Ao todo, o programa atende cerca de 200 mil alunos. Estudantes que sequer foram ouvidos diante de mais essa aula de falta de democracia imposta por Lula e seus seguidores. Isso sem contar os prejuízos causados a pais, familiares e para as crianças que aguardavam a vez de entrar no mesmo programa. Mais de um milhão de brasileiros serão afetados por esse claro exemplo de interferência política no ensino brasileiro.

O Ministério da Educação apontou o alto investimento no programa como um entrave para sua continuidade. A previsão é que ele custe, este ano, cerca de R$ 86 milhões. A nível de comparação, uma única licitação federal para instalação de radares nas estradas custaria aos cofres públicos cerca de R$ 500 milhões. Só o valor superfaturado dessa licitação, bloqueada pela Controladoria-Geral da União, retiraria R$ 90 milhões do orçamento público. Uma propina e tanto que estava a caminho de um bolso desconhecido da população. Esse dinheiro seria mais que suficiente para bancar todo o programa das escolas cívico-militares. O que prova que a questão não é financeira e sim ideológica, numa clara vingança a tudo que foi realizado pelo ex-presidente Bolsonaro.

A esperança é que o Estado de São Paulo, mais uma vez, seja voz dissonante nesse absurdo preconizado pelo Governo Lula. Que as 16 escolas cívico-militares instaladas no Estado sejam não só mantidas, mas também o número de unidades ampliado. Para que isso ocorra, o secretário estadual da Educação, Renato Feder, um grande defensor do programa, precisa vir a público para mostrar a posição do governo paulista e tranquilizar as famílias que estão se sentindo prejudicadas pela decisão tomada na esfera federal.

O Brasil precisa de um avanço significativo na educação. Nossos estudantes, na comparação com outras nações, estão ficando cada vez mais atrasados em termos de desempenho. É óbvio que a escola cívico-militar não é o único exemplo de sucesso no País, mas, de maneira alguma, pode ser considerada prejudicial para o desenvolvimento dos alunos. Que a ideologia política deixe de pautar o ensino no Brasil e garanta a pluralidade necessária para sermos uma nação verdadeiramente democrática.