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Editorial

A nova face do Brasil

Além do atraso de dois anos, por causa da pandemia da Covid-19, o Censo sofreu vários outros percalços

29 de Junho de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Para chegar-se a esse número, os dados levantados pelos recenseadores foram trabalhados estatisticamente
Para chegar-se a esse número, os dados levantados pelos recenseadores foram trabalhados estatisticamente (Crédito: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

Aos trancos e barrancos, o Censo Demográfico 2022 chegou ao fim. Segundo os números levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados na quarta-feira, 28, somos, atualmente, 203.062.512 brasileiros.

Para chegar-se a esse número, os dados levantados pelos recenseadores foram trabalhados estatisticamente. Na pesquisa de campo, a quantidade de pessoas entrevistadas chegou a 195.098.672 habitantes. Os demais 7,964 milhões foram acrescentados levando em conta uma taxa média de não resposta de 4,23% dos domicílios do país. Já a taxa de recusa ficou em 1,38%.

Além do atraso de dois anos, por causa da pandemia da Covid-19, o Censo sofreu vários outros percalços. Muitas famílias, por questões de segurança, desconfiaram da presença dos agentes do IBGE e recusaram-se a atendê-los. Outros tantos foram ignorados pelas falhas do próprio sistema de contagem.

O aumento de moradias em condomínios verticais e horizontais dificulta ainda mais a aproximação dos recenseadores. É praticamente impossível passar pelas portarias e acessar as unidades diretamente. Depois da divulgação dos números finais, milhares de pessoas foram às redes sociais para reclamar que não foram ouvidas.

Se bem que, muitas delas, também não se preocuparam em ajudar, em nada, o duro trabalho dos recenseadores. Segundo o presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, houve maior dificuldade de obter a coleta em concentrações urbanas, especialmente em bairros de alta renda, como o Leblon, no Rio de Janeiro, Moema e Consolação, em São Paulo, e Boa Viagem, no Recife.

No Estado de São Paulo, o mais populoso do país, a taxa de não resposta alcançou 8,11% dos domicílios. A taxa de recusa foi de 2,34%. Isso significa que, na população de 44.420.459 do Estado de São Paulo, 40.993.056 tiveram as informações coletadas e 3.427.403 foram imputadas, quase a metade do desvio estatístico de todo o País.

Confiáveis ou não, os dados do Censo Demográfico de 2022 é que vão servir de parâmetros para as políticas públicas nos próximos anos. É com base nessas informações que o dinheiro arrecado através dos impostos será distribuído. O mesmo vale para a estruturação da rede de saúde e de educação.

Considerando esses fatores, Sorocaba tem bastante a comemorar. A cidade está listada como a primeira do interior do Brasil com o maior crescimento populacional absoluto e a quarta cidade do país, se consideradas também as capitais, ficando atrás somente de Manaus (com variação absoluta de 261.533), Brasília (246.908) e São Paulo (197.742). Sorocaba ocupa agora a sétima colocação geral no Estado de São Paulo, a 12ª posição na região Sudeste e a 27ª no Brasil.

Sorocaba conta atualmente com 723.574 habitantes, um crescimento considerável de sua população ante o último Censo realizado em 2010, quando tinha 586.625 moradores. O aumento absoluto de 136.949 habitantes representa um crescimento percentual de 23,3%.

Apesar desse crescimento considerável, a cidade teve uma grande taxa de não resposta aos questionários do IBGE. A recusa chegou a 12,1%, ficando atrás na região somente de Votorantim, que teve taxa de recusa de 13,7%.

De acordo com dados da prefeitura, esse crescimento populacional pode ser atribuído a vários fatores, como o desenvolvimento econômico, a oferta de empregos, a qualidade de vida, a infraestrutura e o desenvolvimento urbano.

Além disso, Sorocaba desponta, cada vez mais, como um importante polo industrial e comercial, com uma economia diversificada que abrange diversos setores, como indústria automotiva, metalúrgica, logística, serviços, comércio. Todos esses fatores têm ajudado a atrair um número cada vez maior de pessoas para o município.

A chegada de novos habitantes, num ritmo cada vez maior, obriga a administração municipal se preparar para as novas demandas que surgem dia a dia. Vão ser necessários investimentos em infraestrutura, saneamento básico, novas moradias, além da ampliação da oferta dos serviços públicos, isso tudo acompanhado de uma grande preocupação com o desenvolvimento sustentável.

“É fundamental que esse crescimento integral da cidade seja feito com políticas públicas adequadas de desenvolvimento urbano, assegurando, além de um progresso planejado e estruturado, cuidados ambientais necessários”, salientou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Glauco Fogaça.

O Brasil conhece agora o novo retrato de sua população. Não somos mais o país jovem e com muito futuro pela frente propagandeado na década de 1970. Nossa população envelheceu, o ritmo de crescimento diminuiu e a força de trabalho está cada vez menor e com a obrigação de sustentar um número maior de pessoas e um Estado cada vez mais inflado e gastador.

Que os números desse Censo, com todas as suas imperfeições, sirvam de alerta. O país mudou e não podemos mais ficar sonhando com um futuro brilhante sem trabalhar de verdade.