Sorocaba tem muita história. Um acervo enorme de documentos e memórias está preservado em nossos museus, bibliotecas e entidades públicas e particulares. É vital, cada vez mais, que todo esse material fique à disposição da comunidade, principalmente dos estudantes que precisam saber contar, na ponta da língua, todos os feitos dos heróis que ajudaram a construir essa cidade.

A reinauguração de dois importantes museus, na quinta-feira, é uma excelente notícia no campo da cultura. A prefeitura entregou as obras de restauro e revitalização do Museu Histórico Sorocabano (MHS) e do Museu da Estrada de Ferro Sorocabana (MEFS). A recuperação desses dois próprios foi possível graças a uma parceria da prefeitura, do Ministério do Turismo e da Caixa Econômica Federal. Eram verbas que estavam lá, disponíveis há mais de uma década, e quase foram perdidas pelo poder público.

O Museu Histórico Sorocabano está no coração de milhares de pessoas que um dia frequentaram suas salas instaladas dentro da área do zoológico “Quinzinho de Barros”. O passeio, por décadas, era praticamente obrigatório nas excursões promovidas pelas escolas públicas. E divertia todos que lá passavam em busca de aventura e mistério. Quem não tem, em sua memória, um momento vivido ali. Uma fotografia feita na fachada do museu ou na canoa indígena por décadas ali exposta. O MHS era parada obrigatória de quem queria conhecer um pouco mais do passado da cidade.

Criado no dia 3 de março de 1954, o museu funcionou nos primórdios dentro das dependências do Gabinete de Leitura Sorocabano, outra das joias escondidas no centro da cidade. Foi só em 1966, após uma doação da família Prestes de Barros, que ele se mudou para a área atual, onde começou a funcionar em 1968, junto com o zoológico. Logo na entrada no museu, um casarão de 1780, as igaçabas, descobertas na região, mostravam a maneira como os índios que viviam por aqui eram sepultados. Roupas, móveis da época e pinturas reviviam um pouco da história dos moradores daqui nos séculos 18 e 19. Armas, moedas e outros utensílios permitiam que o público confrontasse como era a vida em outra época com o momento atual, uma sociedade acostumada com os luxos oferecidos pela tecnologia. O ponto alto da visita ao museu era encontrar a passagem secreta que garantia uma rota de fuga para os moradores. Os olhares atentos vasculhavam cada canto das salas em busca da pista que desvendava o segredo. Se você, mesmo tendo estado lá mais de uma vez, ainda não descobriu onde fica a passagem secreta, não será esse texto que vai estragar seu prazer de continuar a busca.

Outro importante ganho para a cidade, foi a reabertura do Museu da Estrada de Ferro Sorocabana. Embora tenha sido inaugurado no final do século 20, esse museu resgata a importância da estrada de ferro no progresso de Sorocaba. Ele está instalado numa das casas onde moravam os engenheiros que ajudaram na implantação e funcionamento da Estrada de Ferro. Em seu acervo estão pinturas, fotografias, mapas e objetos, que relembram esse período da nossa história. O espaço também faz uma homenagem a Luiz Matheus Maylasky, visconde de Sapucaí e um importante diretor da Estrada de Ferro Sorocabana.

O museu ajuda a entender também como eram realizadas operações complexas para garantir a boa circulação dos trens. Uma peça que chama bastante a atenção é um escafandro utilizado por mergulhadores para vistoriar a base dos pilares das pontes. Esses pilares ficam submersos e exigem vistoria de rotina para avaliar se estão em boas condições. Um trabalho, que décadas atrás, além de difícil era perigoso.

Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, nos próximos meses a cidade vai ganhar de volta outros importantes espaços: o Casarão do Brigadeiro Tobias, o museu do Esporte e o Barracão Cultural. São excelentes opções para que o passado de Sorocaba seja conhecido a admirado não só por quem mora aqui, como também se transforme numa importante atração turística, gerando renda e emprego.