O centro das grandes cidades é considerado um dos principais cartões de visita para quem chega de fora a passeio ou a negócio. Lá, normalmente, estão concentrados diversos marcos da história e do desenvolvimento do município.

São monumentos, igrejas, prédios que contam a origem do povo que mora ali. Se não forem bem cuidados, passam uma imagem de desleixo, de abandono. Tudo isso é ruim para o turismo e ruim para os negócios de milhares de empresários.

A cidade de Sorocaba, infelizmente, tem assistido uma certa deterioração do seu centro. As ruas, abarrotadas de camelôs, de ambulantes e de sujeira, preocupam quem frequenta a região. O tráfico de drogas ganha espaço em vários pontos, principalmente no entorno do Mercado Municipal.

Prédios históricos, como o conjunto arquitetônico do Mosteiro de São Bento, sofrem com a falta de recursos para que seja completada sua restauração. A catedral Metropolitana, por conta de tantos ataques e furtos, decidiu fechar o Museu de Arte Sacra ali instalado.

São tantos os problemas que representantes de entidades da sociedade civil organizada da cidade decidiram reunir-se, esta semana, em busca de soluções para reverter o processo de deterioração do Centro da cidade. O objetivo do grupo é levantar uma série de demandas em comum nas áreas de infraestrutura e segurança, a fim de resgatar a região central como importante polo econômico, cultural e habitacional.

A iniciativa partiu da Associação Comercial de Sorocaba e participaram do encontro, na segunda-feira (22), representantes da Câmara Municipal, do Sincomércio, do Sindcomerciários, do Sindicato dos Hotéis, Bares e Similares, do CIEE, do Conseg, do Conselho Maçônico, e tantas outras entidades civis.

Segundo o presidente Associação Comercial, Hygor Duarte, as entidades têm buscado incessantemente trazer mais segurança para o centro. Ele disse que foram realizadas visitas a todas as polícias e a Secretaria de Segurança Pública. Ressaltou que, apesar de todo o apoio, ainda falta muito para que o Centro volte a se tornar um polo atrativo não só para os turistas como para a própria população local.

No encontro de segunda-feira, os principais problemas apontados no Centro pelas entidades foram a pouca iluminação, que favorece a criminalidade; o crescimento do tráfico de drogas no trecho entre as ruas Francisco Scarpa e Padre Luiz e na região da Praça da Bandeira; os furtos frequentes em lojas na rua da Penha; a falta de higiene e a presença de ambulantes sem credenciamento nas ruas do Centro e na lateral do Mercado Municipal.

Diante desse quadro, a polícia começou a fazer a sua parte, intensificando o patrulhamento e as investigações de crimes cometidos no Centro. Na quinta-feira (25), cinco pessoas foram presas por envolvimento no tráfico de drogas perto do Mercado Municipal, durante ações da Operação Ágora, comandada pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).

De acordo com a delegada responsável pela Deic, Luciane Bachir, a investigação, que durou cerca de dois meses, mapeou os locais em que os criminosos vendiam as drogas e possibilitou que fossem feitas prisões em flagrante. A delegada informou também que novas detenções devem ser realizadas nos próximos dias.

Esse ainda é um passo pequeno para resolver problema tão complexo. Vai ser necessária muita união entre o Poder Público, as entidades que representam a sociedade civil e a própria população para que o Centro volte a ter o charme tão desejado por todos.

Há muito o que resgatar. Desde a praça Frei Baraúna, no Fórum Velho, passando pelo Mosteiro de São Bento, pela praça Coronel Fernando Prestes, pelo Mercado Municipal, pela Estação de Trem até a praça do Canhão.

Boa parte da história de Sorocaba foi construída nessa área que hoje não faz mais parte do roteiro de estudantes, pesquisadores e turistas. Quantos ensinamentos estão escondidos por ali, longe do acesso de nossas crianças.

Quantas recordações os mais antigos ali deixaram. Resgatar tudo isso é uma missão para hoje, para que essa geração ainda possa recuperar todo o tempo perdido.