Editorial
As mães e seus ‘superpoderes‘
A ligação entre mãe e filho é quase premonitória. Quem nunca se arrependeu de não ouvir o conselho dado por ela: "leve um casaco, vai esfriar"
Hoje é dia de celebrar o Dia das Mães. O mundo sequer existiria sem essa figura tão importante do processo civilizatório. São elas que nos carregam no ventre desde a fecundação, que assistem nosso primeiro choro e que nos consolam a cada dificuldade que a vida nos oferece. Pena que, nos dias atuais, muitas mulheres encarem esse privilégio único como um fardo.
A figura da mãe estará sempre presente em nossas vidas. Seus ensinamentos, suas broncas, seu carinho, tudo somado ajuda na nossa formação, no nosso caráter, no nosso desempenho por toda a vida. A relação entre mãe e filho começa já na descoberta da gravidez. À medida que o bebê cresce dentro do útero, o corpo da mulher sofre mudanças, algumas delas bem drásticas. Só que ao ouvir os primeiros batimentos cardíacos do feto, os primeiros movimentos do bebê, toda a insegurança e medo se transforma numa alegria de poder gerar uma vida nova.
Se tornar mãe, através da gravidez, transforma o corpo e a mente da mulher. Cientistas da universidade londrina Royal Holloway concluíram, depois de anos de pesquisas, que as gestantes tendem a usar mais o lado direito do cérebro, que é a parte que responde pelo controle de nossas emoções. Isso significa que essa mudança permite que a mãe esteja neurologicamente preparada para criar um vínculo com seu bebê ao nascimento. E toda essa sensibilização emocional promove um grande impacto quando ela vê o rosto dele pela primeira vez, estimulando essa conexão intensa.
Uma conexão que só aumenta com o passar dos anos. A ligação entre mãe e filho é quase premonitória. Quem nunca se arrependeu de não ouvir o conselho dado por ela: “leve um casaco, vai esfriar”, “não esqueça do guarda-chuva, vem água por aí”, “cuidado, isso machuca”, e muito mais. Mãe é aquela que garante o equilíbrio do lar, que tira a comida da própria boca para saciar a fome do filho, que o abraça forte nos dias mais frios. Mãe é aquela que nunca nos abandona, por maior o número de erros que possamos cometer durante uma vida. Um porto seguro que está sempre lá para nos acolher.
Por mais que os tempos mudem e se modernizem, as mães são o verdadeiro esteio da sociedade. E sem elas o risco é grande da civilização entrar em declínio. O próprio papa Francisco mostrou preocupação com a falta de interesse das mulheres em assumir a maternidade. Na sexta-feira (12), Francisco pediu que sejam encontradas soluções para reverter o declínio da taxa de natalidade e alertou que os jovens devem fazer um “esforço titânico” para formar uma família.
O pontífice citou, como exemplo, a situação da Itália. O número de nascimentos em 2022 ficou na casa de 393 mil. Já os óbitos somaram 713 mil. O que mostra uma redução na população de mais de 0,5%. “Precisamos preparar um terreno fértil para que uma nova primavera floresça e deixemos para trás este inverno demográfico”, afirmou Francisco.
Para que isso ocorra, é fundamental que o papel da mãe seja valorizado por todos. Que as mulheres, de todas as idades, percebam a importância de ocupar esse posto ímpar na sociedade. Num mundo ideal, a presença da mãe de maneira integral na vida dos filhos seria a melhor escolha para a criação de indivíduos saudáveis emocionalmente e, consequentemente, um mundo muito melhor para se viver.
A tarefa não é nada fácil. As mulheres, que a duras penas conquistaram o merecido espaço no mercado de trabalho e na condução da sociedade, não desejam abrir mão desses direitos que, muitas vezes, entram em conflito com o papel de mãe. Saber equilibrar tudo isso é o novo desafio para as mulheres que podem usar seus “superpoderes” para equacionar este que é um dos maiores quebra-cabeças do mundo moderno.