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Editorial

Um tapa na cara do agronegócio

A receita com exportação do setor alcançou recorde de US$ 16 bilhões em março deste ano

17 de Abril de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mapfre é uma companhia especializada em agronegócio
O Brasil deve muito ao agronegócio (Crédito: Freepik)

O agronegócio é, há décadas, o setor que apresenta melhor desempenho na economia brasileira. Entra ano e sai ano e a quantidade de grãos cultivados numa única safra só aumenta. O mercado de proteínas animais produzidas aqui também ganha cada vez mais espaço no mundo todo.

Nossos agricultores e pecuaristas estão se especializando constantemente e hoje conseguimos produzir mais, numa área menor. No início do século XXI, o Brasil comemorava a marca de 100 milhões de toneladas de grãos numa única safra. Agora, duas décadas depois, devemos colher mais de 300 milhões de toneladas, uma evolução experimentada por poucas nações do mundo.

Mesmo assim, algumas ideologias políticas insistem em criticar o desempenho dos nossos produtores rurais. Usando discursos ultrapassados, tentam imputar a eles todo o problema da desigualdade social que vivemos, principalmente no campo.

O pior de tudo é que alguns dos representantes desse atraso tem assento e voz no atual governo do presidente Lula. É o caso de João Pedro Stédile, um dos mais radicais opositores do agronegócio brasileiro. No início do mês, com um discurso virulento, ele pregou a invasão de terras e o caos no campo.

Incitou a violência e convocou os militantes do Movimento Sem Terra (MST) a desrespeitar as leis. Dias depois, embarcou, todo pomposo, na comitiva oficial do Brasil em visita à China. Tudo pago pelos nossos impostos e pelo dinheiro gerado, em parte, pelo agronegócio.

A situação é tão esdrúxula que Stédile ainda posou para foto oficial da comitiva ao lado do diretor geral da Polícia Federal que deveria, por função, estar investigando as ameaças feitas pelo ideólogo dos sem-terra à segurança e a estabilidade jurídica do País.

Gostem ou não os movimentos de esquerda, mas o agronegócio é sim um orgulho nacional. A receita com exportação do setor alcançou recorde de US$ 16 bilhões em março deste ano. As exportações do agronegócio tinham sido de US$ 14,4 bilhões em março de 2022. As informações são do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Os produtos de maior destaque no mês foram a soja em grãos, o milho, o farelo de soja, o açúcar de cana em bruto e a carne de frango in natura. Juntos, os produtos contribuíram com US$ 2 bilhões para o aumento das exportações, valor superior ao crescimento de US$ 1,6 bilhão nas vendas externas totais do setor.

Como se pode notar nesta lista, os produtos com crescimento movimentaram praticamente todas as regiões do País. A soja, destaque no Centro-Oeste e em parte do Nordeste; o milho, no Sul e no Sudeste; a cana em São Paulo; o frango em Santa Catarina e por aí vai. A importância do agronegócio está também na dispersão de renda pelo País. Gerando desenvolvimento e emprego e distribuindo renda.

Para pegarmos um único exemplo de sucesso, as exportações de carne de frango do País alcançaram o recorde de US$ 967,8 milhões (+29,6%) em março deste ano, com incremento de 25,5% em volumes exportados. Os principais importadores foram a China, o Japão e a Arábia Saudita, mercados muito exigentes quanto à qualidade do produto.

Segundo analistas da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), do Ministério da Agricultura e Pecuária, em um contexto mundial com surtos generalizados de gripe aviária nos principais exportadores, foram abertas oportunidades adicionais para o mercado brasileiro, já que o Brasil nunca registrou casos em seu território.

O que prova a capacidade de nossos produtores rurais. Esse desempenho de excelência começa na produção dos grãos que vão alimentar as aves, até o abate propriamente dito. Qualquer falha nesse caminho inviabilizaria o sucesso das exportações.

O Brasil deve muito ao agronegócio. Os atuais governantes deveriam se lembrar disso antes de incentivar qualquer crítica ou ameaça ao setor. A presença de um personagem controverso como João Pedro Stédile numa missão oficial é um tapa na cara de quem produz dia a dia, faça chuva ou faça sol. Que o respeito ao campo seja reestabelecido antes que as ameaças de um Abril Vermelho se concretizem.