Editorial
Em defesa da vida
A FDA, que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, estima que 5,6 milhões de americanas tenham utilizado a pílula abortiva
Os Estados Unidos elegeram, em sua história, apenas dois presidentes católicos. O primeiro foi John Kennedy e o segundo é o atual mandatário, Joe Biden. Biden se rotula como um “católico devoto” e “pessoalmente pró-vida”. Só que na prática as atitudes dele diferem muito do que prega sua proclamada fé.
O democrata tem se posicionado, constantemente, a favor do aborto. Um tema amplamente condenado pela Igreja e até mesmo pelo progressista Papa Francisco. Para os católicos verdadeiros, a vida começa a existir desde o momento da concepção e o aborto se compara a um assassinato. Interromper uma gravidez deve ser considerado um crime hediondo.
Só que Biden não pensa assim e, mesmo garantindo ser católico, acaba se posicionando, sempre, a favor do aborto e dos movimentos que defendem a interrupção da gravidez. O presidente americano não se conforma, por exemplo, com o julgamento da Suprema Corte, do ano passado, que suspendeu a decisão conhecida como Roe vs Wade, negando que o aborto seja um direito constitucional federal. Agora, cada estado, poderá legislar soberanamente sobre o tema. E muitos têm criado leis que proíbem a interrupção da gravidez. Biden acionou as mais altas esferas do governo para tentar reverter a decisão, mas tudo foi inócuo.
Na ânsia em promover o aborto, Biden mostrou mais uma vez seu caráter, no mínimo, duvidoso. A polêmica envolve a decisão judicial que proíbe a venda de pílulas abortivas. A pedido do presidente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou, na quinta-feira (13), que contestará na Suprema Corte as restrições impostas ao uso generalizado do medicamento.
O anúncio do governo foi feito poucas horas depois de um tribunal federal de apelações bloquear a proibição da mifepristona, mas limitou o acesso ao medicamento usado em mais da metade de todos os abortos nos EUA.
Entre as restrições impostas pelo Tribunal estão a limitação do acesso à pílula nas primeiras sete semanas de gravidez, em vez de dez até então; a exigência de visitas presenciais para obtenção do medicamento, que havia sido retirada anteriormente; e a suspensão da entrega do fármaco pelo correio.
Um dos principais grupos na luta contra o aborto classificou a decisão como uma “vitória”. “A corte reconheceu que a pílula abortiva é perigosa e reverteu o esquema imprudente de aborto pelo correio de Biden”, disse uma das diretoras da instituição, Katie Daniel. “Esperamos que a Suprema Corte examine o caso”.
Já quem milita a favor do aborto condenou a posição do Tribunal. Jennifer Dalven, da ACLU, disse que “a menos que a Suprema Corte intervenha, essa decisão vai impedir que muitas pessoas obtenham serviços de aborto e isso as obrigará a permanecer grávidas contra sua vontade”.
A FDA, que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, estima que 5,6 milhões de americanas tenham utilizado a pílula abortiva para interromper a gestação desde que ela foi aprovada, no ano 2000. Um verdadeiro massacre de fetos nos mais diversos estágios de gestação.
Diante desse quadro, que vai dificultar a venda legal dessas pílulas, algumas vidas que estão a caminho ainda poderão ser salvas. O que se espera é que a Suprema Corte americana referende as decisões contra o uso do medicamento impedindo a morte de vários seres humanos ainda não nascidos.
Joe Biden deveria se envergonhar de se rotular como católico. Representantes da Igreja nos Estados Unidos já o consideram um herege e sempre que podem deixam explícitas suas críticas à incoerência do presidente.
A luta contra o aborto vai atravessar gerações. Cada sociedade vai ter que decidir no que acredita e que sacrifícios está disposta a fazer. Vão ser muitas vitórias e derrotas. O importante é que a defesa da vida sempre prevaleça, respeitando os direitos justos de cada mulher.