Editorial
Antes que você se torne a próxima vítima
Para se ter uma ideia, o roubo e o furto de cabos de telecomunicações cresceram 14% em 2022
Entra semana e sai semana e as páginas do jornal Cruzeiro do Sul sempre relatam uma série de pequenos furtos envolvendo fios, cabos, peças de metal e tudo que possa ser vendido na clandestinidade para garantir um ganho rápido. Os vândalos, na maioria viciados em droga, precisam desse dinheiro para se sustentar. A saída que encontram é arrombar comércios e residências em busca de uma torneira, de um encanamento, o que estiver à mão. O resultado desses ataques é um enorme prejuízo para os proprietários e um aumento na insegurança percebida nos bairros.
A polícia até tenta fazer sua parte, redobra as patrulhas nas áreas mais procuradas pelos bandidos, investiga a forma de agir de cada um e busca tirar esses indivíduos das ruas. A Justiça nem sempre consegue mantê-los presos e o ciclo de furtos é reiniciado.
A Prefeitura de Sorocaba também está fazendo parte da tarefa que lhe cabe. Desde o ano passado, montou um grupo conjunto para fiscalizar, de perto, as atividades dos ferros-velhos e daqueles comércios, nem sempre legais, que habitualmente compram essas peças subtraídas pelos marginais. Já foram registrados vários flagrantes. Empresas foram interditadas, multadas e até proprietários presos. Mesmo assim é praticamente impossível acabar com esse tipo de atividade ilícita.
E esse tipo de cenário não ocorre só em Sorocaba, vale para todo o País. Para se ter uma ideia, o roubo e o furto de cabos de telecomunicações cresceram 14% em 2022, segundo dados da Conexis Brasil, sindicato que reúne as operadoras TIM, Vivo, Claro, Oi, Algar e Sercomtel. Durante o ano passado foram furtados ou roubados 4,72 milhões de metros de cabos. Em todo o ano de 2021 foram 4,13 milhões de metros.
A quantidade de cabos furtados em 2022 seria mais do que suficiente para cobrir, em linha reta, a distância entre Monte Caburaí (RR), o ponto mais ao norte do Brasil, e Arroio do Chuí (RS), ponto mais ao sul.
O sindicato formado pelas empresas destacou que essas ações criminosas deixaram pelo menos 7 milhões de clientes sem acesso a serviços de comunicação, incluindo serviços essenciais como polícia, bombeiros e emergência médica. O número de clientes afetados subiu 14% em relação ao ano anterior.
O aumento no volume de cabos de telecomunicações furtados preocupa o setor e ocorre após essas ações criminosas terem registrado uma queda de 11% em 2021, na comparação com 2020.
São Paulo segue sendo o Estado que mais sofre com essas ações criminosas. No ano passado foram furtados ou roubados 1,035 milhão de metros. O volume caiu 4,2% na comparação com 2021, quando o Estado teve 1,081 milhão de metros de cabos de telecomunicações furtados ou roubados.
Em segundo lugar no ranking dos Estados mais afetados está o Paraná, com 1,01 milhão de metros de cabos furtados ou roubados, alta de 66%, seguido por Minas Gerais, com 626,2 mil metros. No caso do Estado mineiro, houve um aumento de 119% no volume de cabos de telecomunicação furtados ou roubados em 2022 na comparação com o ano de 2021, passando de quinto para terceiro na lista de Estados mais afetados.
Preocupado com a situação, os representantes das empresas intensificaram o diálogo com autoridades federais, estaduais e municipais, na tentativa de ampliar as ações de combate ao furto, roubo e vandalismo de cabos e equipamentos. O setor de telecomunicações tem defendido uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, tanto o federal quanto os estaduais e municipais, e a aprovação de projetos de lei que aumentem as penas desses crimes e ajudem a combater essas ações criminosas.
Como se pode ver, um simples furto de fio ou de cabo pode gerar um prejuízo enorme para o Brasil todo. Esse tipo de atividade tem que ser cada vez mais reprimida. Para que o combate seja eficiente, as autoridades públicas vão precisar de nossa ajuda. É importante estar atento a movimentações suspeitas em nossas ruas ou bairros. Denunciar essas contravenções e prestar queixas de crimes mesmo que de pequena monta ajudam a polícia a traçar um cenário mais real de como agem esses criminosos. Só assim vamos conseguir desestimular esse tipo de delito e tornar nossas vidas em comunidade mais seguras.