Editorial
Hora de planejar o futuro de Itupararanga
Entramos no período mais seco de 2023 com um bom volume de reserva. Isso vai permitir que a região seja adequadamente abastecida
A chegada do outono, no final de março, pôs fim a um dos verões mais chuvosos registrados nas últimas décadas na Região Metropolitana de Sorocaba. Os temporais caiam impiedosamente, dia após dia, causando confusão no trânsito, alagamentos, deslizamentos de terra e toda uma gama de problemas.
Um dos assuntos mais discutidos no primeiro trimestre do ano foi o nível da represa de Itupararanga, usada na produção de energia e no abastecimento de água de várias cidades da região. Com volume em excesso foi necessário, em alguns momentos, aumentar consideravelmente a vazão. Essa água extra acabou correndo pelo leito do rio Sorocaba e facilitando os alagamentos em vários pontos.
A situação chegou a tal ponto que no dia 17 de janeiro, o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, chegou a anunciar que havia pedido intervenção estadual para monitorar o escoamento da represa de Itupararanga. A CBA, que opera o reservatório, logo depois do pronunciamento do prefeito divulgou uma nota informando que não existia expectativa de vertimento de água, mas que informaria os órgãos competentes em caso de alteração no cenário.
A intervenção pedida por Manga acabou descartada pela Defesa Civil estadual depois que representantes de órgãos públicos e entidades ambientais confirmaram que toda a operação da represa ocorria dentro da normalidade. Na ocasião, foi descartado qualquer risco iminente de rompimento da barragem e ainda o vertimento, que é a passagem de água pelos arcos da barragem.
Nos meses seguintes, fevereiro e março, a chuva continuou despencando e foi necessário ampliar bastante, e mais de uma vez, a vazão de Itupararanga. Essa água extra fez com que o Rio Sorocaba transbordasse, acarretando alagamentos e enchentes em vários pontos da cidade.
Passado esse momento tenso, entre Prefeitura de Sorocaba e CBA, as chuvas diminuíram e tudo começou a voltar ao prumo. Na quarta-feira (5), após 73 dias de operação em estado de atenção, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) informou que as barragens das Centrais Geradoras Hidrelétricas de Votorantim e Santa Helena, localizadas na represa de Itupararanga, retomaram a condição de normalidade. Em comunicado, a CBA informou ainda que, de acordo com uma inspeção técnica realizada por uma empresa independente, as barragens permanecem seguras e não oferecem riscos para a população.
Na quinta-feira (6), o volume útil do reservatório de Itupararanga estava próximo de 82%, considerando as novas regras implementadas pela CBA neste verão. Ainda de acordo com a empresa, com o cessar das chuvas intensas, será possível dar continuidade ao cronograma de atividades de operação e de manutenção previstas para as centrais geradoras.
O importante, de toda essa discussão, é que este ano tivemos chuvas abundantes, capazes de recuperar o combalido reservatório de Itupararanga que enfrentava, havia anos, problemas de escassez. Entramos no período mais seco de 2023 com um bom volume de reserva. Isso vai permitir que a região seja adequadamente abastecida e que atravessemos o inverno e a primavera em boas condições operacionais.
Se a população fizer bom uso dessa água, evitando o desperdício, não deveremos ter, num horizonte próximo, novos períodos de racionamento. Além disso, a trégua da chuva permite que as entidades públicas envolvidas no processo e a CBA, que gerencia a represa, adotem medidas para evitar que a tensão volte em outros momentos que São Pedro esteja distribuindo chuva em abundância.
É hora de planejar o futuro, num momento em que a escassez de água não parece ser um fator que possa preocupar os moradores das cidades abastecidas por Itupararanga.