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Editorial

O que o câncer pode nos ensinar

Além da realização de exames periódicos, a prevenção passa obrigatoriamente pela mudança de hábitos alimentares e abandono do sedentarismo

14 de Março de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Melhorar os hábitos alimentares e deixar o sedentarismo ajudam na melhora da qualidade de vida
Melhorar os hábitos alimentares e deixar o sedentarismo ajudam na melhora da qualidade de vida (Crédito: freepik)

Com chances de cura que superam os 95% se descoberto no início, o câncer de intestino é o segundo mais comum no Brasil. A estimativa é do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que também prevê aumento de 10% nas ocorrências de óbito prematuro por câncer de intestino entre pessoas de 30 a 69 anos, até o ano de 2030. A instituição chama atenção para a relação da doença com os hábitos alimentares e de vida do paciente. Defendendo a maior divulgação de informações sobre a doença, o instituto aconselha, como forma de prevenção, a adoção de hábitos saudáveis com alimentação natural rica em fibras, redução do consumo de carnes, embutidos e bebidas alcóolicas, além da prática regular de atividade física e redução do sedentarismo.

São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, entre homens e mulheres. Desse total, cerca de 30% ocorrem devido a fatores comportamentais, como a já citada má alimentação, tabagismo e inatividade física. Em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes diagnosticados com câncer de intestino que desenvolveram a doença devido à exposição a fatores de risco evitáveis, vai ser 88% maior do que o valor gasto em 2018. Há três anos, o SUS desembolsou cerca de R$ 545 milhões com procedimentos hospitalares e ambulatoriais para atender pacientes com câncer colorretal, com 30 anos ou mais. Para 2030, o Inca projeta que esse gasto chegue a R$ 1 bilhão.

No site do Ministério da Saúde, entre os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento deste câncer estão listados alimentação rica em gorduras e pobre em fibras; fumo; consumo frequente de bebida alcoólica; idade acima de 50 anos; história de pólipos colorretais e de doenças inflamatórias do intestino.

Os sintomas, alerta o Instituto Nacional do Câncer, não são comuns na fase inicial da doença. Em grande parte dos casos, o câncer se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Por isso é recomendado que pessoas com mais de 50 anos ou com histórico familiar deste tipo de câncer, façam, periodicamente, exames preventivos como o que avalia se há sangue oculto nas fezes. Mudanças no hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, perda de peso sem razão aparente, cansaço, fraqueza e anemia também podem indicar a presença da doença.

Além das sessões de quimioterapia e radioterapia, o tratamento ainda pode incluir intervenções cirúrgicas. Trabalhar a saúde mental do paciente também é citado pelos especialistas como um dos caminhos para alcançar a cura. Isso porque, todos os estudos mostram a grande influência dos hábitos alimentares e estilo de vida na instalação deste tipo de câncer. A adesão ao tratamento passa por mudanças profundas no comportamento do paciente e, muitas vezes, a ajuda de um profissional facilita o processo.

No webinar “Cenário do câncer de intestino no Brasil”, realizado em novembro passado pelo Inca, foi traçado um panorama sobre os desafios no enfrentamento da doença. Pesquisadores do instituto identificaram que os fatores de risco relacionados à alimentação, nutrição e inatividade física foram responsáveis por cerca de R$ 160 milhões das despesas da União com câncer colorretal, em 2018.

Mas os sintomas, insistem os especialistas, não aparecem no início da doença, que só é detectada com exames específicos. O mesmo instituto que alerta para o aumento expressivo nos casos da doença, aponta o caminho para a redução. Além da realização de exames periódicos para o rastreamento da doença, a prevenção passa obrigatoriamente pela mudança de hábitos alimentares e abandono do sedentarismo.