Editorial
Um janeiro chuvoso, como poucas vezes se viu
Fevereiro começa hoje. A previsão ainda é de chuva intensa para esta primeira semana. A torcida agora é para que os volumes de água não sejam tão abundantes

O último dia de janeiro começou com as cidades da região se recuperando de mais uma noite de chuva intensa, com alagamentos pontuais e uma série de pequenos transtornos. O primeiro mês de 2023 foi marcado por precipitações praticamente diárias e em volumes de chuva consideráveis.
Em Sorocaba, segundo dados dos institutos que monitoram as chuvas, o volume acumulado de precipitação passou dos 550 milímetros. Essa quantidade é praticamente o dobro da média histórica esperada para o mês, que normalmente fica entre 200mm e 300mm.
Por conta da quantidade de chuva, no final da noite de segunda-feira e início da madrugada de terça-feira, o rio Sorocaba transbordou e alagou parte da avenida Dom Aguirre. A água subiu rapidamente deixando alguns trechos quase que intransitáveis para os motoristas. Sem tempo para que as autoridades municipais sinalizassem o local, a confusão se estabeleceu.
Carros voltavam na contramão, outros varavam os canteiros da avenida em busca de uma zona mais segura. Os veículos de maior porte, como os ônibus e as ambulâncias, cruzavam as enormes poças de água acumuladas nas vias. Como a chuva não deu trégua por algumas horas, a situação foi piorando durante a madrugada até a praça Lions ficar totalmente alagada.
Pela manhã, equipes da Defesa Civil, do Saae e de várias secretarias municipais contavam os prejuízos e ajudavam os moradores mais afetados pela chuva.
Essa realidade não foi exclusiva de Sorocaba. Ao longo do mês vários municípios da Região Metropolitana enfrentaram problemas semelhantes. A chuva chegou a afetar até o trânsito da rodovia Castello Branco, na altura de Araçariguama. Uma parte da pista ameaçava desabar e foram necessários reparos de emergência. Estradas de Alumínio, Mairinque e de Ibiúna também registraram ocorrências de queda de árvores, alagamentos e interdições momentâneas.
Outro município que sofreu muito com a chuva foi Tatuí. O caos foi tanto que o prefeito precisou decretar situação de emergência nesta segunda-feira (30). Foram necessárias poucas horas de chuva para que muitos estragos fossem registrados. Segundo informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), entre sábado e domingo, Tatuí registrou 107mm de chuva.
Dezenas de famílias ficaram desalojadas. Muros e árvores caíram, o asfalto das vias públicas praticamente se desfez e durante horas, os alagamentos deixaram ilhadas centenas de pessoas e famílias. A Defesa Civil do município informou que são 16 pontos críticos em toda a cidade, porém o órgão segue avaliando outros danos.
O Coordenador Estadual da Defesa Civil, Coronel Henguel Ricardo Pereira, esteve segunda-feira na cidade para vistoriar os pontos mais prejudicados pela chuva. Ele disse que esse tipo de avaliação é necessária para que o Estado possa adotar, com mais rapidez, ações de apoio ao município, liberando verbas para a reconstrução dos locais danificados. A Defesa Civil do Estado também enviou 200 itens de ajuda humanitária para atender as famílias desalojadas. Foram entregues materiais como colchões, cobertores, cestas básicas e kits de limpeza e higiene pessoal.
Durante esse mês de chuvas intensas, o que causou preocupação foi também o nível a represa de Itupararanga. A água elevou o nível do reservatório e foi necessário aumentar a vazão. Essa atitude, que seguiu as orientações técnicas prevista, causou um certo desentendimento com a prefeitura de Sorocaba que chegou a pedir intervenção estadual no gerenciamento da represa.
O local passou por vistoria de vários órgãos e foi constatada a regularidade dos procedimentos adotados pela CBA, que administra Itupararanga.
Em nota divulgada na terça-feira (31), a CBA informa que tem acompanhado as fortes chuvas em Sorocaba e se sensibiliza com a situação dos alagamentos. A nota reconhece que a precipitação de janeiro está acima da média e explica que diante do volume elevado de chuvas a vazão a represa precisou ser ampliada.
Fevereiro começa hoje. A previsão ainda é de chuva intensa para esta primeira semana. A torcida agora é para que os volumes de água não sejam tão abundantes quanto os registrados no mês de janeiro e que a situação na região, aos poucos, volte à normalidade.