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Editorial

O Congresso na hora da decisão

A nossa torcida é que, cada parlamentar eleito pelo povo, na solidão da cabine de votação, reflita e tenha consciência da importância de seu gesto

28 de Janeiro de 2023 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A posse concomitante de executivo e do legislativo poderia ter dado um outro rumo ao país neste início de 2023
A posse concomitante de executivo e do legislativo poderia ter dado um outro rumo ao país neste início de 2023 (Crédito: PABLO VALADARES/CÂMARA DOS DEPUTADOS)

O mês de janeiro entrou na reta final. E fevereiro chega com um fato importante: a posse dos novos integrantes do Congresso Nacional. O ideal é que os parlamentares em início de mandato tivessem começado a trabalhar na mesma data em que ocorreu a troca do executivo. Infelizmente, a legislação brasileira permite esse descompasso.

A posse concomitante de executivo e do legislativo poderia ter dado um outro rumo ao país neste início de 2023. Ficamos por mais de 30 dias com o Governo Federal reinando solitário e produzindo atritos nas mais diversas áreas sem a resposta, à altura, do parlamento.

Esse período permite também que vários acordos, no mínimo duvidosos, sejam fechados nas sombras dos palácios de Brasília. Acordos que quase nunca beneficiam a população como um todo.

Na próxima quarta-feira, tomam posse os 513 deputados federais eleitos e também os 27 senadores (um terço da composição da Casa) escolhidos na eleição de outubro.

A data é importante também porque serão definidos os nomes dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Nos próximos dois anos serão eles que vão ditar o ritmo de funcionamento do nosso Parlamento. O cargo é importante não só pela administração da pauta legislativa, mas também porque são eles que autorizam a abertura de processos de impeachment e de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI).

Fica a cargo do presidente da Câmara aceitar os pedidos de impeachment do Presidente da República. Ao presidente do Senado, cabe abrir o processo de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Os dos cargos, como pode se ver, são de suma importância para o país e podem decidir o futuro da Nação.
Na Câmara dos Deputados, a escolha do presidente está praticamente decidida.

Arthur Lira deve ser reconduzido ao posto com votação esmagadora. Ele é apoiado tanto por deputados ligados ao governo Bolsonaro como, também, por deputados ligados à Lula. Mesmo assim, Lira não tem poupado esforços, nem recursos públicos, para agradar os colegas eleitores.

Promoveu reajustes no auxílio moradia e em outros tantos benefícios que vão ajudar a reforçar o caixa de parlamentares e de seus gabinetes.

A disputa, nesse caso, vai se concentrar aos outros postos da Mesa Diretora e também a presidência das principais comissões temáticas. Todo esse quebra cabeça está sendo montado com a ajuda de muita negociação política.

No Senado a situação parece ser um pouco mais complicada. Rodrigo Pacheco também tenta a reeleição, mas deve enfrentar o peso da candidatura de Rogério Marinho, ex-ministro de Bolsonaro, e que tenta aglutinar votos suficientes para impedir o retorno de Pacheco ao cargo. Por fora, com menor chance, permanece na disputa Eduardo Girão.

Na quinta-feira, Pacheco se reuniu com o presidente Lula e com vários ministros do atual governo em busca de apoios. O PT do Senado já sinalizou que deve votar em peso em Pacheco, mas a tentativa do atual presidente da Casa é usar o poder de convencimento de Lula par atrair outros votos.

Até o momento, o atual presidente do Senado soma apoio de sete partidos: PSD, PT, Rede, Cidadania, PSB, Pros e PDT.

Do lado oposto, PP, PL e Republicanos anunciaram a formação de bloco no Senado a favor da candidatura de Marinho. A formalização desse apoio está marcada para a manhã de hoje.

Muita água ainda pode rolar debaixo dessa ponte. A provocação feita por Lula a Michel Temer, em discursos durante a viagem à Argentina e ao Uruguai, pode custar a Pacheco alguns votos dentro do MBD. O que se sabe, com certeza, é que a temporada de negociações ainda está longe do fim. Muitas vantagens serão oferecidas, de lado a lado, para angariar votos.

A nossa torcida é que, cada parlamentar eleito pelo povo, na solidão da cabine de votação, reflita e tenha consciência da importância de seu gesto. Um único aperto no botão vai selar o futuro da Sociedade pelos próximos dois anos.