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Conflito

A tensão cresce na Ucrânia

Mais de 40 mil pessoas já morreram nos conflitos e uma centena de milhar teve que abandonar tudo que tinha para preservar a vida

24 de Janeiro de 2023 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Conflito na Ucrânia
Conflito na Ucrânia (Crédito: AFP)

A invasão russa à Ucrânia completa, hoje, onze meses e as perspectivas de uma solução para o conflito estão cada vez mais distantes. Nos últimos dias, a tensão aumentou com a possibilidade de países do ocidente enviarem armas mais poderosas para os ucranianos. Os russos não estão nada satisfeitos com essa atitude e prometem retaliação. O Kremlim chegou a dizer que quem vai sofrer com o recrudescimento da guerra será o povo ucraniano.

Ontem, 23, os ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) concordaram com o envio de mais 500 milhões de euros (cerca de 2,6 bilhões de reais) para financiar a entrega de armas à Ucrânia.

Um outro pacote de 45 milhões de euros também foi aprovado para o treinamento de tropas ucranianas. Só que os pedidos do presidente Volodymyr Zelensky vão muito além de dinheiro. Ele quer o envio de armas pesadas que permitam que seu exército faça frente ao potencial bélico dos russos.

Os tanques alemães Leopard são os mais cobiçados. O governo da Polônia tem 14 desses tanques prontinhos para fornecer à Ucrânia, só que, por questões diplomáticas e legais, precisa pedir aval da Alemanha para fazer a entrega. A Alemanha, por sua vez, reluta em dar a autorização.

O país insiste na aprovação de todos os aliados antes de concordar com a decisão. O caso se arrasta há semanas, o que tem se tornado o governo alemão alvo de críticas. A Ucrânia criticou a ‘indecisão global‘ de seus aliados em fornecer tanques, uma postura que Kiev diz estar ‘matando mais pessoas‘.

O porta-voz do chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, reiterou, nesta segunda-feira, que o Executivo ‘não descarta‘ a entrega de blindados, mas acrescentou: ‘isso ainda não está decidido‘.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, protagonizada pelos alemães, o país tenta se manter discreto na tomada de decisões de grandes conflitos, prefere sempre o caminho da diplomacia e da negociação.

De acordo com as leis da Alemanha que fiscalizam o controle de armas, a Polônia (e qualquer outro país que compre armas dela) precisa da aprovação de Berlim para entregar tanques Leopard à Ucrânia, porque eles foram fabricados no país.

Essa lei quer evitar que armas produzidas na Alemanha acabem sendo usadas em zonas de conflito contra os interesses alemães. Para complicar a história, o governo alemão diz que a Polônia sequer fez o pedido formal de liberação dos Leopard.

Essa postura reticente da Alemanha tem irritado o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki. Ele afirmou, ontem, que seu país irá pedir permissão para enviar tanques Leopard à Ucrânia, mas não disse quando pretende tomar a atitude.

Mesmo que a Alemanha negue o pedido, o governo polonês pensa em decidir por conta própria e aderir aos países que pensam como ela. ‘Vamos pedir permissão (à Alemanha), mas essa é uma questão secundária‘, disse Morawiecki. ‘Mesmo que, eventualmente, não obtenhamos a permissão, nós - dentro dessa pequena coalizão - mesmo que a Alemanha não esteja nessa coalizão, entregaremos nossos tanques, juntamente com os outros, para a Ucrânia.‘

A Polônia, por ser fazer fronteira com a Ucrânia, é o mais que mais tem recebido refugiados. Uma situação que está causando muitos problemas para o país. Ao mesmo tempo os poloneses sabem que uma provocação direta aos russos, sem respaldo dos aliados, pode provocar a ira de Putin e o país vir a ser penalizado pelos russos.

Do outro lado do Globo, os Estados Unidos atiçam a fogueira da guerra cada vez mais. Exigem que os outros membros da OTAN (a aliança militar do Atlântico Norte) tomem posições mais fortes contra os russos. Além disso, os Estados Unidos têm enviado armas e dinheiro para os ucranianos.

Com o risco de a violência aumentar na Ucrânia, fica difícil prever o fim dessa guerra. Mais de 40 mil pessoas já morreram nos conflitos e uma centena de milhar teve que abandonar tudo que tinha para preservar a vida. Isso tudo pela disputa de poder e de territórios entre dois líderes bastante controversos. Que a razão ilumine as mentes de Putin e de Zelensky e que se chegue a um acordo antes que a guerra complete um ano de caos e de destruição.