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Editorial

Mentira tem perna curta

Nem no auge da campanha eleitoral, os marqueteiros do Partido dos Trabalhadores tiveram a coragem de mentir tão descaradamente sobre a fome no Brasil

20 de Janeiro de 2023 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, protagonizou, em Davos na Suíça, um dos momentos mais constrangedores da participação brasileira do Fórum Econômico Mundial. Num de seus discursos, Marina disse que no Brasil ‘120 milhões de pessoas‘ estão passando fome neste momento. Sem citar a fonte desse dado, ou que tipo de estudo permite tal conclusão, a ministra não se preocupou, em momento algum, com os efeitos que a malfadada declaração poderiam acarretar para a imagem do país.

Pelo discurso inconsequente de Marina Silva, mais da metade dos 208 milhões de brasileiros não teriam o que comer. Se esse dado fosse real, estaríamos vivendo uma verdadeira convulsão social. Realidade muito distante do País que atualmente está entre as dez mais ricas economias do mundo.

Nem no auge da acirrada campanha eleitoral entre Lula e Bolsonaro, os marqueteiros do Partido dos Trabalhadores tiveram a coragem de mentir tão descaradamente sobre a fome no Brasil como vez Marina Silva em Davos. Durante o processo eleitoral, o PT usava o número de 35 milhões de famintos para atacar Bolsonaro, dado este que sempre foi contestado inclusive por organismos internacionais.

Para fazer tal declaração inverídica, Marina Silva deve ter se empolgado com um vídeo antigo, de abril de 2014, onde o próprio Lula confessava a blogueiros ser um expert em destruir a imagem do Brasil no exterior com números falsos.

Lula disse nessa entrevista: ‘Como eu fui oposição muito tempo, eu cansei de viajar o mundo falando mal do Brasil, gente! Era bonito a gente viajar o mundo e falar: ‘No Brasil tem 30 milhões de crianças de rua. No Brasil tem...‘, a gente nem sabia... ‘Tem nem sei quantos milhões de abortos.‘

Era tudo clandestino, mas a gente ia citando números, sabe. Se um cara perguntasse a fonte, a gente não tinha, mas tinha que dizer números. Eu não esqueço nunca. Um dia eu tava debatendo eu, o Roberto Marinho e o Jaime Lerner em Paris. Aí eu tava lá falando, eu tinha uns números, nem sei direito de que entidade que era, também não vou dizer aqui, porque eu já tenho 68 anos, não vou...

Mas eu tava dizendo: ‘Porque no Brasil tem 25 milhões de crianças de rua‘. Eu era aplaudido calorosamente pelos franceses. Quando eu terminei de falar, o Jaime Lerner falou assim pra mim: ‘Ô Lula, não pode ter 25 milhões de crianças de rua, Lula, porque senão a gente não conseguiria andar nas ruas, Lula. É muita gente.‘ (RISOS) Então, tem gente que gosta de falar assim‘, admitiu Lula.

Marina só esqueceu que Lula fazia isso quando era oposição, sem nenhuma responsabilidade com o País, situação que não cabe agora a uma ministra de Estado em representação oficial no exterior.

A própria Marina, diversas vezes, se queixou de ser vítima de fake news e é ela agora que adota esse mesmo tipo de procedimento. Marina Silva, em entrevista ao site Uol no ano de 2020, chegou a denunciar o PT por criar esse tipo de narrativa falsa. ‘Quando ela [Dilma] foi para a Casa Civil, tivemos divergências, mas nada mais do que isso. Tivemos um debate civilizado. Mas em 2014, a campanha da DIlma inaugurou as fake news. Eles tiveram algo similar ao ’gabinete do ódio’. Quem inaugurou as fake news foram Dilma e João Santana. Isso está mais do que comprovado‘, afirmou Marina.

Em poucos dias à frente da pasta do Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva tem demonstrado total desconhecimento de como o mundo gira na atualidade. Seu discurso anacrônico, pedindo o tempo todo ajuda financeira para um país rico, escancara sua falta de ideias reais para combater os problemas enfrentados pelo Brasil.

Marina poderia começar sua saga em defesa do meio ambiente questionando seus colegas de ministério pela destruição promovida no bioma Cerrado nos últimos oito anos. Segundo dados do Prodes (Programa de Monitoramento de Desmatamento por Satélite) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial), o Maranhão do ex-governador e atual ministro da Justiça, Flávio Dino, foi o que apresentou os piores números.

Em seguida, está a Bahia do ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o Piauí do ex-governador e atual ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. Três estados que apresentam alguns dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) do País. Se Marina conseguir resolver só esse problema causado por seus colegas, já terá feito um belo papel no comando do Ministério do Meio Ambiente.