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Editorial

Bom senso e prudência no trânsito

Em qualquer situação, e por melhor que seja a sinalização, motoristas e pedestres devem sempre agir com muita atenção

15 de Janeiro de 2023 às 00:08
Cruzeiro do Sul [email protected]
Especialista em mobilidade diz que obras são positivas para a fluidez do trânsito
Especialista em mobilidade diz que obras são positivas para a fluidez do trânsito (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (12/11/2021))

O trânsito de Sorocaba sempre causou polêmica. Nas redes sociais é fácil encontrar ‘memes‘ e piadinhas tirando sarro dos motoristas que insistem em não usar a seta na hora de mudar de faixa ou de entrar numa rua. O traçado antigo das ruas do Centro e as limitações impostas pelos trilhos de trem e pelo rio Sorocaba dificultam, ainda mais, a criação de um sistema moderno e ágil para escoar o tráfego.

Não bastasse isso tudo tem gente que ainda colabora para complicar a situação. Entre essas novidades implantadas recentemente estão as faixas vivas, uma mistura de lombada, com redutor de velocidade e faixa de pedestre. Só que esse novo modismo nem sempre é instalado com o devido estudo e cuidado.

Na avenida Izoraida Marques Peres, por exemplo, uma das faixas está a poucos metros de um semáforo, um lugar bem mais seguro para se organizar a travessia. No canteiro central, as árvores muitas vezes escondem o pedestre interessado em cruzar a pista. Os sustos para motoristas e caminhantes são constantes. A situação fica ainda pior no período da noite, com a redução da iluminação.

Em outros dois pontos, a confusão ainda é maior. Conforme reportagem publicada na edição de sábado, 14, do jornal Cruzeiro do Sul, os locais alvos de reclamação são a avenida General Carneiro, em frente à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Oeste, no Cerrado, e o início da rua Sete de Setembro, na altura do número 205, no Centro.

Condutores ouvidos pela reportagem afirmam que os pedestres se orientam pela faixa viva e, assim, tentam atravessar mesmo com o sinal aberto. Já os pedestres dizem não saber, por conta das faixas, se os veículos devem parar para eles atravessarem, ainda que o semáforo esteja verde. A sinalização deficiente agrava o problema.

A Prefeitura até tentou explicar que as faixas vivas e os semáforos têm funções distintas e que servem como complemento uma da outra, mas na prática, a teoria é outra. Quem utiliza com frequência esses pontos da cidade carece de sinalização mais esclarecedora sobre como esses novos equipamentos devem ser utilizados. Todos sabemos que a intenção dos técnicos da Prefeitura foi a melhor possível.

A busca por segurança no trânsito deve ser constante, mas cada alteração deve ser devidamente esclarecida para evitar que uma boa intenção amplie os riscos na hora da travessia e da condução do automóvel.

A Prefeitura também informa que, nos dois casos, como há semáforos de pedestres e de veículos juntamente com as faixas, ambos devem ser respeitados. Trocando em miúdos, o pedestre só pode atravessar a faixa quando o sinal para ele estiver verde. O mesmo vale para os automóveis. Diante dos questionamentos da reportagem, o poder público prometeu vistorias nos locais indicados para tentar melhorar a sinalização.

O advogado especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária Renato Campestrini, ouvido pelo Cruzeiro do Sul, apresentou uma fórmula bem fácil de ser compreendida nesses casos. ‘A sinalização vertical de regulamentação do semáforo se sobrepõe à horizontal‘, disse Campestrini. Isso quer dizer que em locais onde há semáforo, esse equipamento prevalece.

Campestrini complementou a sua análise: ‘caso o semáforo para veículos esteja no ciclo verde e não venham veículos, se o pedestre se sentir seguro em realizar a travessia, pode fazê-lo, mas assume o risco‘, destacou o especialista.

Em qualquer situação, e por melhor que seja a sinalização, motoristas e pedestres devem sempre agir com bom senso e muita atenção, respeitando as leis de trânsito. Só assim teremos uma cidade mais humana, com queda no número de acidentes e de atropelamentos.