Qualidade de vida
Potencial turístico precisa ser melhor explorado
Há espaços a serem preenchidos, da melhor maneira, para uma atividade que não polui, não demanda grandes custos de investimentos e traz entretenimento e prazer às pessoas
O turismo é uma atividade econômica que gera riquezas com um custo proporcionalmente menor do que outras, como a indústria ou o comércio, pois, na maioria das vezes, se vale de bens culturais ou naturais. O Brasil tem belezas geográficas exuberantes, diversidade e atrativos históricos e artísticos que empolgam os turistas mais exigentes.
Existem destinos que ainda são pouco explorados e conhecidos. O Brasil é mais que Rio de Janeiro, Salvador, Pantanal, Amazonas e Cataratas do Iguaçu.
Um estudo chamado “O futuro do turismo no Brasil”, divulgado pela BBC Brasil, contou com 23 pesquisadores de 17 instituições para traçar um panorama do setor e mostrar o que é preciso fazer para desenvolvê-lo nos próximos anos. O diagnóstico é que o grande potencial turístico do País não se reflete em números que se destacam no mercado internacional. O estudo também apontou problemas que travam o desenvolvimento na área.
Uma das revelações é que o Brasil não entra na lista da Organização Mundial de Turismo dos 50 países que mais recebem visitantes. Os dados são de 2019, ou seja, de antes do início da pandemia de Covid-19, que prejudicou drasticamente o desempenho do setor em todo o mundo. Mas com relação às medidas de saúde tomadas pelos governos, alguns países se recuperaram melhor e puderam voltar a receber turistas mais rapidamente.
Em 2019, o Brasil recebeu 6,35 milhões de visitantes do exterior. A quantidade é considerada pequena em relação aos atrativos do país de dimensões continentais. O México, por exemplo, recebeu 45 milhões de turistas no mesmo ano.
O estudo enumera os principais fatores que emperram o aproveitamento de todo o potencial: falta de planejamento e de continuidade de políticas públicas na área, imagem ruim no exterior, variação da qualidade dos serviços oferecidos e dificuldades para o deslocamento interno.
Os problemas da falta de planejamento e a variação da qualidade dos serviços podem ser tratados com seriedade e gestão eficiente dos próprios dirigentes do setor, e os outros dois dependem de políticas mais amplas, que teriam resultado positivo também de maneira geral para o País.
Transportando esse cenário para a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), vemos que as cidades turísticas ou com potencial para se desenvolverem carecem de políticas públicas integradas. Uma alternativa simples e que surtiria efeitos é a divulgação em conjunto dos atrativos regionais e não separadamente por município.
Ibiúna, Itu, Salto e São Roque, por exemplo, são cidades de turismo consolidado. Roteiros poderiam ser ampliados para duas ou mais delas na região, o que enriqueceria a experiência dos visitantes e também traria melhor aproveitamento da rede hoteleira.
Outros municípios se apresentam como de interesse turístico na RMS, como Araçoiaba da Serra, Boituva, Cesário Lange, Iperó, Piedade, São Miguel Arcanjo, Tapiraí, Tatuí e Votorantim.
Outra alternativa seria dar foco ao turismo dentro da própria região. Muitas vezes, há pessoas que já estiveram na torre Eiffel ou na estátua da Liberdade, mas não conhecem a Fazenda Ipanema, em Iperó, ou o interior da igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu, por exemplo.
A coordenação entre gestores municipais de turismo na RMS com certeza geraria frutos. A Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo já promove o setor, mas divide a atenção com demais regiões e também tem outras tarefas, mais burocráticas. Há espaços a serem preenchidos, da melhor maneira, para uma atividade que não polui, não demanda grandes custos de investimentos e traz entretenimento e prazer às pessoas.
Fortalecer o turismo regional valoriza a própria cultura brasileira e traz identificação com a nossa história. Principalmente após o período mais grave da pandemia, os turistas -- brasileiros e estrangeiros -- estão ávidos por novidades e bem-estar.
O setor tem um potencial enorme de crescimento nos próximos anos. O Brasil e a região metropolitana não podem ficar passivos diante das oportunidades dos novos horizontes que se abrem.