Copa do Mundo
Sonho do hexa pode ser fator de união
O futebol mostra que tem o poder de unir novamente o povo sob as mesmas cores, torcendo para um mesmo time
De hoje até o dia 18 de dezembro, o mundo inteiro falará uma só língua, a do futebol, com a realização da Copa do Mundo do Catar. Na primeira vez que um país do Oriente sedia a competição, o que obrigou a sua realização no final do ano por conta das altas temperaturas, o Brasil tem nova chance de conquistar o tão esperado hexacampeonato, após quatro tentativas frustradas em 2006, 2010, 2014 e 2018. Exceto em 2014, ano da Copa no Brasil e do doído 7 a 1 para a Alemanha, em que terminou em quarto lugar, a canarinho caiu nas quartas de final nas outras três oportunidades, e tem tudo para ir mais longe desta vez.
O técnico Tite aposta muito em Neymar, que chega ao Mundial vivendo bom momento no Paris Saint-Germain. Diferentemente de 2018, quando o camisa 10 desembarcou na Rússia sofrendo problemas físicos. Raphinha, do Barcelona, e Lucas Paquetá, do West Ham, tiveram boas atuações nas Eliminatórias Sul-Americanas, na qual a seleção garantiu presença na Copa de forma invicta, em primeiro lugar, e liderando também o ranking da Fifa. Nem mesmo a convocação mal explicada do lateral-direito Daniel Alves, de 39 anos, apagado no Pumas, do México, parece estremecer a “lua de mel” do torcedor brasileiro com o técnico Tite, que já anunciou o fim do ciclo à frente da seleção após o final da Copa, independentemente do resultado.
Entre os países que podem ameaçar o sonho do hexa, a Inglaterra parece oferecer maior risco. Harry Kane, artilheiro do Mundial da Rússia em 2018, é o maestro de uma geração renovada e talentosa. A Bélgica, terceira colocada em 2018, tem De Bruyne, do Manchester City, e Courtois, vencedor da Liga dos Campeões com o Real Madrid. A França, atual detentora da taça, conta com Mbappé (PSG), mas perdeu Benzema (Real Madrid) e já não tinha Pogba e Kanté. Holanda, Alemanha e Espanha também chegam fortes ao Catar. Portugal e Argentina, de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, merecem um capítulo à parte. Os dois astros partem para o sexto mundial disputado e que pode ser a última chance para que conquistem o título maior do futebol mundial em meio às incertezas pelas temporadas irregulares por PSG e Manchester United.
A realização do campeonato no Catar é cercada de polêmicas. Presidente da Fifa entre 1998 e 2018, Joseph Blatter recentemente chegou a revelar arrependimento quanto à escolha do país-sede. Ele renunciou ao cargo após a acusação de esquemas de corrupção, inclusive envolvendo a escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022, e hoje entende que a melhor escolha teria sido os Estados Unidos. Outro ponto de descontentamento da Fifa é quanto à proibição da venda de bebida alcoólica nos estádios, a pedido das autoridades locais, decretado na última sexta-feira, a menos de três dias da abertura do torneio. A questão está atrelada aos usos e costumes do Catar, país que segue à risca as regras da religião muçulmana, e que viverá um verdadeiro “choque de culturas” durante os quase 30 dias de bola rolando. Para se ter uma ideia, as mulheres sofrem uma série de restrições de direitos no Catar, e o país considera a homossexualidade como crime.
Por aqui, a Copa do Mundo reaviva hábitos como o dos álbuns de figurinhas e da decoração das ruas nas cores da bandeira verde e amarela, além de “turbinar” as vendas da camisa canarinho nas lojas. Após tanta turbulência entre os brasileiros provocada pela política nos últimos meses, o futebol mostra que tem o poder de unir novamente o povo sob as mesmas cores, torcendo para um mesmo time: o Brasil. Sem, é claro, cair na alienação, e mantendo a atenção no futuro do País. Sinal dos tempos. Que venha o hexa!