Democracia
As cartas estão na mesa
O destino do Brasil está nas mãos dos eleitores que vão às urnas no próximo domingo
O Brasil está numa semana decisiva. O mundo todo assiste aos desdobramentos das eleições para a Presidência da República. A expectativa é grande para a definição dos rumos que a economia do país tomará nos próximos quatro anos. De um lado o governo Bolsonaro, capitaneado desde o início do mandato, pelo experiente Ministro da Economia Paulo Guedes.
Do outro lado a incógnita de um possível governo Lula que, até agora, não especificou o que pretende fazer com a economia brasileira. O que se sabe é que as várias tendências ideológicas que se juntaram para tentar retomar o poder não comungam das mesmas ideias.
Uma parte da campanha é dominada pelos radicais de esquerda, chefiados por Guilherme Boulos, já uma outra ala, mais moderada, é representada pelo candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin. Quem dará as cartas em futuro governo Lula ainda é uma incógnita.
Diante desse quadro de incertezas, o mercado tateia no escuro. A cada reação positiva a favor de Bolsonaro a Bolsa de Valores sobe e o dólar cai. Quando o noticiário indica a possibilidade de eleição de Lula, as ações despencam e o real e desvaloriza. Vivemos uma gangorra de emoções que só vai terminar quando os votos forem totalizados no próximo domingo, dia 30.
Enquanto a definição não vem, a economia brasileira, sempre sob constantes ataques, vai se saindo melhor que a encomenda. As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) seguem em alta e a expectativa é de uma inflação cada vez menor.
A última edição do boletim Focus, produzido pelo Banco Central, aponta, mais uma vez, queda na previsão da inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Dessa vez a redução foi de 5,62% para 5,6% em 2022. Em junho, as projeções para o IPCA chegaram a 9%. A mudança pode ser pequena, ínfima até, mas o que importa , nesse caso, é a continua tendência de baixa.
O Brasil tem apresentado números que contrastam com o restante do mundo. E isso, por si só, é motivo de comemoração. Embora a gasolina e a energia elétrica tenham ficado mais baratas nos últimos meses, a guerra entre Rússia e Ucrânia continua a causar impacto nos preços do diesel, de fertilizantes e de outras mercadorias importadas.
Além disso, a instabilidade na economia norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 41 anos, tem provocado forte volatilidade na cotação do dólar em todo o planeta.
Em meio aos impactos de uma possível recessão nos Estados Unidos e do comportamento da inflação no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define hoje (26) a taxa básica de juros, a Selic. O anúncio será feito no final da tarde e a expectativa é que os índices atuais sejam mantidos.
Segundo a edição e segunda-feira (24) do boletim Focus, a Selic deve ficar em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até meados de 2023.
Na ata da última reunião, os membros do Copom indicaram que pretendiam manter a Selic, mas não excluíram a possibilidade de novos reajustes, caso a inflação persista no médio prazo.
A Selic é o principal instrumento para o controle da inflação e o país não pode abrir mão desse sistema, que nos garante uma certa estabilidade financeira depois de décadas de crises e planos econômicos mirabolantes.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, pretende conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas seguram a atividade econômica. Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Entretanto, as taxas de juros do crédito não variam na mesma proporção da Selic, pois a taxa é apenas uma parte do custo do crédito.
Esse equilíbrio entre crédito e demanda ajuda a movimentar toda a economia. Isso tem permitido o Brasil crescer mais que o projetado no início do ano. O PIB, segundo o último boletim Focus, deve atingir, até dezembro, a marca de 2,76%. Isso segundo os dados mais conservadores.
Já o Ministério da Economia, que muito pouco tem errado, aponta para um crescimento acima e 3%. Esse número coloca o Brasil no seleto grupo dos países do G20 que mais cresceram em 2022. Um luxo em tempos de crise e de eleições polarizadas como a que enfrentamos.
O destino do Brasil está nas mãos dos eleitores que vão às urnas no próximo domingo. Temos que decidir o que queremos para o país. A segurança demonstrada por Paulo Guedes nos últimos quatro anos ou a incerteza da volta de um governo petista que já mostrou do que é capaz. A escolha é nossa.