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Editorial

Investimento no turismo é a chave para o sucesso

O Brasil tem muito a mostrar e o turismo é um campo que pode ajudar não só a incrementar o nosso PIB como também na geração de emprego e renda para milhões de famílias

23 de Outubro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Panorama da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro
Panorama da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Crédito: ARQUIVO)

Com um pouco de investimento e trabalho sério, o Brasil poderia se tornar um dos maiores destinos turísticos do mundo. A nossa diversidade é fantástica, da floresta amazônica aos pampas gaúchos, passando pelo sertão nordestino, pelo pantanal, e pela exuberante Mata Atlântica. De norte a sul, são milhares de locais para despertar o interesse dos turistas.

Infelizmente sabemos explorar pouco esse potencial. Embora tenhamos a fama de povo amistoso e amigável, o turista estrangeiro, e mesmo o nacional quando visita outra região, acaba caindo sempre numa série de golpes e armadilhas.

São inúmeras as dificuldades de informação, de locomoção e de comunicação. Uma simples corrida de táxi pode virar um transtorno para quem não está preparado. Alguns espertinhos insistem em rodar horas com o cliente só para faturar um troco extra. Esse tipo de ação não ocorre só aqui, mas um país que quer crescer no turismo não pode aceitar esse tipo de golpe.

Mesmo com todos os percalços, o setor vai se aquecendo no Brasil. O turismo nacional faturou R$ 17,6 bilhões em agosto deste ano, é maior movimentação para um único mês desde 2015. Já no acumulado dos últimos 12 meses, houve aumento de 32,9%, de acordo com o levantamento mensal feito pelo Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os segmentos, o destaque foi o transporte aéreo, com crescimento anual de 72,8%. Na comparação com o mesmo período de 2019, anterior à pandemia de Covid-19, o setor cresceu 19,9%.
De acordo com o relatório produzido pela FecomercioSP, a retomada da demanda pelas famílias por viagens e a inflação no setor foram fatores que impulsionaram o crescimento em 30,6% em agosto. No acumulado do ano, o crescimento ocorreu porque tanto as famílias quanto as empresas têm retomado o planejamento de viagens e movimentado toda a cadeia, de forma a aquecer segmentos de lazer e de viagens corporativas.

Segundo os dados, mesmo com o aumento de 50% das passagens aéreas em um ano, as vendas continuam subindo, com o número de passageiros transportados em agosto chegando a 7,29 milhões de pessoas. O número é 30% maior que o registrado no oitavo mês de 2021 e se aproxima dos 7,9 milhões contabilizados no mesmo período de 2019.

Nas áreas de hospedagem e de alimentação, a alta chegou a 23,1%. Os transportes terrestres e os trens turísticos registraram um faturamento 16,8% maior. Só que nem tudo é boa notícia, de acordo com a pesquisa, a inflação para o turista subiu 24,35% em um ano.

Apesar do setor considerar bons os números atuais do Brasil, estamos muito longe de fazer bonito no ranking da World Tourism Organization (Organização Mundial de Turismo). Aliás, nem conseguimos figurar nesse ranking. O líder é os Estados Unidos, com um faturamento de US$ 211 bilhões. Em segundo vem a Espanha, com US$ 68 bilhões, e em terceiro, a França com US$ 61 bilhões.

O Brasil, com cerca de US$ 6 bilhões, fica atrás de países muito menores como Portugal, Marrocos, Israel e Nova Zelândia. Para se ter uma ideia, faturamos com turismo um valor menor que a cidade de Roma. Uma vergonha para quem tem cerca de 9 mil quilômetros de praias, calor na maior parte do ano, uma floresta exuberante como a Amazônia e um sem fim de atrações.

O caminho é longo para atingirmos o patamar de países que há anos lucram com o turismo, mas precisamos acelerar os passos para não perder o bonde da história.

O Brasil tem muito a mostrar e o turismo é um campo que pode ajudar não só a incrementar o nosso Produto Interno Bruto (PIB) como também na geração de emprego e renda para milhões de famílias. Que os governantes de todas as esferas públicas olhem com mais carinho para esse setor e criem alternativas para ajudar no seu desenvolvimento.