Deflação
Queda da inflação melhora posição do Brasil
A situação do Brasil em termos de controle inflacionário é reconhecida mundo afora
O consumidor brasileiro vem acompanhando, mês a mês, a redução do ritmo da inflação. Se nem todos os produtos ficaram mais baratos nas gôndolas dos supermercados, é fácil perceber que os reajustes estão se tornando cada vez mais raros.
Essa mesma percepção foi detectada pelos analistas econômicos. O País deve fechar outubro com mais uma deflação. O Índice Geral de Preços 10 (IGP-10), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou para uma queda de preços na ordem de 1,04% em outubro. O indicador já havia apresentado deflação no mês de setembro (-0,90%).
Segundo o relatório, a queda de setembro para outubro foi puxada principalmente pelo leite e pelos combustíveis. O IGP-10 é medido sempre no período entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte e aponta os rumos da economia para o mercado. Outro indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo, que mede o atacado, passou de uma deflação de 1,18% em setembro para uma queda de preços de 1,44% em outubro.
A situação do Brasil em termos de controle inflacionário é reconhecida mundo afora. Temos, em 2022, a quarta menor inflação considerando os integrantes do G20. No acumulado de janeiro a setembro, o País registrou uma taxa de 4,1%. O percentual é maior somente que os índices de inflação do Japão (2,8%), da Arábia Saudita (2,7%) e da China (1,9%). O levantamento foi apresentado, na terça-feira (18) pela multinacional Austin Rating. No relatório anterior, o Brasil ocupava a sexta posição.
Os três meses seguidos de deflação são apontados como os principais fatores para essa reversão de expectativa. No começo do ano, muitos entendidos de mercado apostavam numa inflação de dois dígitos para o Brasil. O que acabou não se concretizando, mesmo com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O mesmo relatório feito pela Austin Rating mostra que a Argentina tem a maior taxa de inflação do G20. O acumulado de janeiro a setembro para os nossos vizinhos do sul atingiu a marca de 66,1%. E a expectativa é que até o fim do ano a inflação na Argentina passe dos 100%. Em segundo lugar aparece a Turquia, com 52,4%.
A inflação no Brasil, considerando os nove primeiros meses de 2022, é menor que a da Alemanha (9%), da União Europeia (8,5%), do Reino Unido (7,6%), dos Estados Unidos (5,8%) e da França (4,5%).
Dos países da Zona do Euro, a França tem a menor taxa, mesmo assim o país está em convulsão social. Mais de 300 mil pessoas foram às ruas na terça para protestar. A greve geral convocada por vários sindicatos exige, entre outras coisas, reposição salarial e medidas sérias de combate à inflação. O fornecimento de combustíveis nos postos é precário e algumas regiões já adotaram medidas de racionamento. Os transportes públicos foram bastante afetados pela greve.
O presidente francês, Emannuel Macron, enfrenta sérias dificuldades para gerenciar a crise econômica. As medidas propostas por seu governo são criticadas o tempo todo. A situação se complicou depois que ele perdeu, nas eleições de junho, a maioria absoluta na câmara baixa do Parlamento. Sem capacidade para obter apoio suficiente, a França corre o risco de ficar sem aprovar o orçamento público para o próximo ano. Diante desse cenário, Macron não descarta a utilização de um decreto polêmico e autoritário, ainda em vigor no país, para atropelar a vontade dos parlamentares. A medida é considerada por analistas muito arriscada e antidemocrática e pode piorar a situação econômica do país.
O Brasil vive um excelente momento econômico. A Bolsa de Valores de São Paulo tem registrado altas consecutivas, o valor do dólar recuado e o real segue como uma das moedas que mais se valorizou em 2022. Os empregos estão em alta e a economia entrou no ritmo do crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar o ano na casa dos 3% e, com a inflação sob controle, não há mais necessidade de se elevar os juros. Que os bons ventos mantenham o País nesse rumo.