Pink do Bem
Vidas que não precisam ser perdidas
Apenas 2 milhões, 17% das mulheres entre 50 e 69 anos, fizeram o exame preventivo do câncer de mama ao longo de 2021
O mês de outubro é dedicado à prevenção e ao combate ao câncer de mama e também ao câncer de colo do útero. A luta é árdua para convencer milhares de mulheres a realizar um exame simples que pode ser feito na própria casa e salvar muitas vidas.
O diagnóstico precoce ainda é o melhor caminho para combater essa doença. Com as novas descobertas científicas, o número de casos de sucesso no tratamento tem aumentado significativamente. São várias técnicas novas que permitem que a mulher se recupere do câncer com o menor número de sequelas possível.
A Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, desde 1975, entrou nessa luta. São décadas de dedicação voluntária, ajudando mulheres a enfrentar o tratamento de câncer de mama e ginecológico com atendimento médico e psicológico, assistência social, fisioterapia, entre outras ações que permitem uma melhor recuperação de quem precisa desse tipo de tratamento.
Nesse domingo, dia 23, a Liga promove a tradicional corrida Pink do Bem Ossel Assistência, que faz parte da campanha do Outubro Rosa da entidade e busca mesclar uma atividade saudável com o alerta da importância da prevenção. Mais de dois mil corredores vão participar do evento. Os kits já se esgotaram há dias.
O debate sobre a prevenção vem num momento importante. Apenas 2 milhões, 17% das mulheres entre 50 e 69 anos, fizeram o exame preventivo do câncer de mama ao longo de 2021, segundo a pesquisa Panorama do Câncer de Mama no SUS. O total supera o observado no ano anterior, quando 1,4 milhão de mulheres dos 50 aos 69 anos fizeram o rastreamento em meio às restrições do coronavírus e às dificuldades da rede pública de saúde durante a pandemia. Ainda assim, a cobertura de 2021 está abaixo dos 23% registrados em 2019.
O levantamento foi realizado pelo Instituto Avon e pelo Observatório de Oncologia, com base nas informações do DataSUS de 2015 a 2021 e foco nas mulheres de 50 a 69 anos por recomendação do Ministério da Saúde, que prioriza essa faixa etária no rastreamento da doença.
As regiões do Brasil que tiveram menor cobertura foram a Norte e Centro-Oeste. Entre 2020 e 2021, 9% das pacientes nesta faixa etária realizaram o exame de rastreio, taxa bem aquém da média nacional. Já o Estado de São Paulo teve o maior número de procedimentos desse tipo aprovados, correspondendo a 31% do total.
Ainda em 2020, dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontaram que o câncer de mama já é o tipo mais diagnosticado da doença. Ele corresponde a 24,5% de todos os diagnósticos positivos feitos no mundo e a 6,9% das mortes.
Outro dado apontado pela pesquisa diz que mais de 60% de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama no País entre 2015 e 2021 começaram o tratamento depois do recomendado. Segundo a Lei 12.732/12, o prazo máximo de espera no sistema público de saúde deve ser de 60 dias após a identificação da doença. Em 2020, o tempo médio desse intervalo chegou a 174 dias. Membro do Comitê Científico do Instituto Vencer O Câncer, o oncologista Abraão Dornellas classifica essa demora entre diagnóstico e tratamento como “inadmissível”. “É preciso entender que não adianta fazer diagnóstico precoce se não estabelecer um tratamento precoce.”
“Depois desse déficit de exames da pandemia, percebemos que muitas pacientes já chegam com lesões palpáveis. Também percebemos que, após a demanda represada da pandemia, houve um aumento na procura de pacientes, mas muitas em estágio mais avançado da doença”, explica a oncologista Caroline Rocha, do Departamento de Câncer de Mama do Hospital A. C. Camargo Câncer Center.
A doença está aí. Escondida no corpo de milhões de brasileiras. É dever de toda a sociedade auxiliar no diagnóstico precoce e no tratamento imediato no caso de um resultado positivo. Alerte sua mãe, sua filha, sua irmã, sua esposa, sua namorada. Se todos participarmos da divulgação dessa cadeia de informações e incentivarmos a busca por auxílio médico, todos serão beneficiados. Só assim estaremos salvando vidas que não precisam ser perdidas.