Economia mundial
As boas notícias romperam a barragem
De acordo com o FMI, o Brasil vem passando por um crescimento bem mais forte do que se esperava para este ano
Algumas notícias de ampla circulação mundial, infelizmente, são pouco divulgadas no Brasil. No máximo, rendem uma notinha de canto de página, embora sejam motivo de grande comemoração para o País. É o caso do último relatório sobre a situação da economia mundial divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com os dados do próprio FMI, o Brasil vem passando por um crescimento bem mais forte do que se esperava para este ano, demonstrando uma atividade mais robusta ainda que a do primeiro semestre. O relatório Perspectiva Econômica Global, apresentado nesta terça-feira (11), atesta que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, em 2022, deve chegar a 2,8%, quase o dobro do que foi previsto na estimativa anterior, divulgada em julho.
Os números consolidados agora pelo FMI estão até um pouco acima do que projetam o Banco Central brasileiro e o Ministério da Economia, que apostavam num PIB de 2,7%. O otimismo com o Brasil, lá fora, é maior que o próprio otimismo interno.
Algumas entidades aqui no Brasil também estão mais animadas que o Governo Federal. A melhoria do mercado de trabalho e o aumento da demanda do setor de serviços fizeram a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elevar a projeção de crescimento da economia em 2022 para 3,1%. Segundo o Informe Conjuntural do 3º Trimestre, divulgado nesta terça-feira (11), a estimativa que era de 1,4% em julho mais que dobrou para outubro.
Com tantos ajustes para cima, fica difícil acreditar que só agora os tão experientes economistas de todos esses órgãos tenham percebido a força da economia brasileira. Os dados positivos foram represados por tempo demais até que o volume deles fosse capaz de derrubar as barragens construídas para impedir que as boas notícias circulassem.
Antes que algum descuidado tente argumentar que o objetivo deste editorial é elogiar o presidente Bolsonaro na reta final das eleições, utilizemos as próprias análises do FMI sobre outros países, só para comparar.
Segundo o mesmo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que melhorou a projeção brasileira, a situação piorou para a economia mundial em 2023 e passou a prever recessão na Alemanha e na Itália, além da Rússia. O organismo espera que o Produto Interno Bruto (PIB) global cresça 2,7% no próximo ano. A estimativa anterior era de avanço de 2,9%. Para 2022, o Fundo manteve a expectativa de expansão de 3,2%.
O FMI alerta que o pior para a economia mundial ainda está por vir. “Mais de um terço da economia global vai se contrair em 2023, enquanto as três maiores economias -- Estados Unidos, União Europeia e China -- vão continuar estagnadas”, e acrescenta o relatório: “Para muitas pessoas, 2023 parecerá uma recessão”. Pesam, nesse cenário, os efeitos da invasão russa à Ucrânia; uma crise de custo de vida causada por pressões inflacionárias persistentes e crescentes; e a desaceleração na China.
A piora nas projeções do organismo para o PIB mundial no próximo ano deu-se devido a previsões mais sombrias para a zona do euro, o Reino Unido e a China. “O fraco crescimento de 2023 em toda a Europa reflete os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia, com revisões em baixa especialmente acentuadas para as economias mais expostas aos cortes no fornecimento de gás russo e condições financeiras mais apertadas”, diz o FMI. Dentre suas projeções mais pessimistas, o FMI prevê que a Alemanha e a Itália enfrentem uma recessão em 2023.
O FMI espera que a inflação global atinja o pico no final de 2022. Os preços devem permanecer elevados por mais tempo que o esperado anteriormente e esse problema deve estender-se até 2024, quando o índice deve diminuir para 4,1%.
Enquanto isso, no Brasil, já passamos pelo pico inflacionário. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou, pelo terceiro mês seguido, deflação. O recuo nos preços em setembro foi de 0,29%. Em julho, a queda foi de 0,68% e, em agosto, de 0,36%.
Como se pode notar, a economia brasileira está bem e faz tempo. Nossa situação é muito melhor que a da maior parte do mundo. Pena que esconderam essas informações de você por tanto tempo.