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Editorial

Crescimento da indústria impulsiona a economia

Pela análise geográfica, pode-se notar que o crescimento foi registrado em todas as regiões do país

11 de Setembro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Divulgação Toyota do Brasil)

O Brasil tem apresentado bons resultados econômicos nos últimos nesses. As boas notícias vêm de todos os setores, inclusive da indústria. A mudança de cenário contrariou as expectativas de muitos analistas que apontavam que o ano de 2022 seria desastroso.

Não foi isso que se viu. O Brasil mostrou resiliência e está crescendo como poucas nações do mundo. O PIB (Produto Interno Bruto) deve fechar o ano num índice muito próximo dos 3%, resultado considerado pouquíssimo provável por aqueles que se dizem entendidos de mercado financeiro.

Novos dados surgem, a cada momento, confirmando essa tendência. A produção industrial brasileira, por exemplo, subiu 0,6% na passagem de junho para julho e avançou em quatro dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, divulgada sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As principais altas foram registradas no Pará (4,7%), em Mato Grosso (3,7%), em Santa Catarina (1,9%) e no Rio de Janeiro (0,7%). Todos esses percentuais estão acima da média nacional. Além disso, pela análise geográfica, pode-se notar que o crescimento foi registrado em todas as regiões do país, mostrando que a economia não está centrada num único polo de desenvolvimento, nem num único setor produtivo.

Segundo o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, algumas medidas que impactaram diretamente a cadeia produtiva e o consumo das famílias. Isso pode explicar essa alta descentralizadas em várias regiões do país. ‘A redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis e o aumento de benefícios sociais modificam as tomadas de decisões por parte da produção, com tendência de antecipação, devido a essas medidas‘, detalhou Bernardo.

Um dos setores industriais que apresentou bom desempenho foi o automotivo. A produção de veículos aumentou 8,7% em agosto na comparação com julho, ao alcançar 238 mil unidades ante 219 mil do mês anterior. Na comparação com agosto do ano passado, a expansão foi de 43,9%. No acumulado do ano a produção chegou a 1.478,6 mil unidades, 4,7% a mais do que o registrado no mesmo período de 2021. Os dados foram divulgados também na sexta-feira (9), em São Paulo, pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

‘Em agosto, pela primeira vez em um ano e meio, conseguimos operar sem nenhuma fábrica completamente parada. O fluxo de semicondutores finalmente começa a melhorar, embora ainda estejamos passando por um período de restrições de oferta‘, disse o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.

As vendas de veículos novos tiveram elevação de 14,6% em agosto na comparação com julho. No oitavo mês do ano foram licenciados 208,6 mil veículos, ante 182 mil de julho. Foi a primeira vez no ano que esse indicador superou a barreira das 200 mil unidades.

Os dados mostram, ainda, que as exportações de veículos tiveram alta de 11,7% em agosto, com a comercialização de 46,8 mil veículos contra as 41,9 mil de julho. Na comparação com agosto de 2021, houve aumento de 58,9% nas exportações. No acumulado do ano tem-se elevação de 32,2%, ao alcançar 335 mil veículos.

Mas nem tudo é um mar de rosas no setor automotivo. Trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, entraram em greve após o anúncio de que 3,6 mil demissões seriam efetivadas pela direção da montadora.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selérges, disse que a paralisação é um protesto e que pretende mostrar à direção ‘como se negocia‘. ‘Precisamos mostrar que um processo de negociação se faz em torno de uma mesa. Muitas vezes, em um processo de negociação não vai prevalecer tudo que o sindicato quer, mas também não vai prevalecer tudo o que a empresa quer‘, diz o sindicalista.

O caso da Mercedes é simbólico. Mostra como empresas multinacionais estão se deslocando para outras áreas e estados onde haja melhor condição de produção e incentivo fiscal. Só reduzindo os custos elas podem voltar a ser competitivas e enfrentar empresas asiáticas.

Essa mudança de comportamento reflete as palavras da semana passada do ministro da Economia Paulo Guedes. Guedes explica que o ocidente precisa se livrar da dependência dos países asiáticos. E que o Brasil é o melhor destino para essa mudança de comportamento.

Estamos assistindo o início desse processo e, em breve, o Brasil vai colher os frutos da nova ordem mundial, pós-pandemia.