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Economia ativa

Brasil registra segundo mês de deflação

Nesse momento, a certeza que temos é de que o País vai bem, com inflação e taxa de desemprego em queda

10 de Setembro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: Divulgação APPA)

Foram divulgados, nesta sexta-feira (9), os números da inflação do mês de agosto. E, o que se constatou? Pelo segundo mês consecutivo, um recuo no custo de vida do brasileiro. O impacto maior veio do setor de transportes, graças às constantes quedas nos preços dos combustíveis. A gasolina, por exemplo, ficou cerca de 11% mais barata para o consumidor. Um alívio e tanto no bolso.

Passado o efeito inicial da invasão da Ucrânia pela Rússia, que fez o preço do barril de petróleo disparar, a previsibilidade volta a tomar conta do mercado global. Os analistas que apostavam que a cotação do barril fosse se manter na casa dos US$ 120,00, agora, recalcularam a rota para valores próximos a US$ 98,00.

Essa mudança, por si só, seria suficiente para ajudar no combate à inflação no Brasil. Mas o governo Bolsonaro quis mais. Fez aprovar, no Congresso Nacional, uma lei que limitou a 18% a cobrança de ICMS pelos Estados. Essas duas ações, conjugadas, permitiram que os preços baixassem rapidamente. O resultado é fácil de constatar nos postos de combustível. O litro de gasolina que chegou a custar cerca de R$ 7,00 em Sorocaba, agora, pode ser encontrado por pouco mais de R$ 4,00.

O combustível em queda ajuda a reduzir o custo de todas as cadeias produtivas, reduzindo o preço na indústria, no comércio e nos serviços. É isso que vem ajudando a provocar a deflação.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial no País, fechou agosto em -0,36%, no segundo mês consecutivo de deflação. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, o grupo de transportes teve o maior impacto sobre o resultado, influenciado, principalmente, pela queda no preço dos combustíveis (-10,82%). Os preços das passagens aéreas também caíram no mês (-12,07%), após quatro meses consecutivos de alta.

Com o número apresentado nesta sexta-feira (9), a taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 4,39%. Já o acumulado em 12 meses foi de 8,73%.

Diante desse cenário, o ministro da economia, Paulo Guedes, apostou no otimismo para falar do Brasil e das vantagens que o País terá nos próximos meses na comparação com países do Hemisfério Norte.

Paulo Guedes, numa palestra ocorrida na quinta-feira (8), em São Paulo, destacou que a reconfiguração das cadeias produtivas globais, resultante da pandemia da Covid-19 e da guerra na Ucrânia, pode converter-se em oportunidade para o Brasil.

“O Brasil tem uma oportunidade histórica de emergir como um país de grandes recursos que é: uma potência digital, a quarta maior do mundo, maior penetração digital; uma potência energética, energia renovável, ninguém tem a matriz mais limpa e mais diversificada que a brasileira; uma potência verde, ambiental; e ao mesmo tempo uma potência alimentar”, disse Guedes em evento do setor automotivo.

O ministro citou avaliações feitas pelo Tesouro dos Estados Unidos e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que indicam dois requisitos para os futuros investimentos. Uma delas é que não se deve investir muito longe, tendo em vista possíveis problemas logísticos por ter o abastecimento longe da produção.

“Não adianta você ter os semicondutores sendo produzidos lá em Taiwan, onde são produzidos 80% de todos os semicondutores do mundo, porque, se tiver qualquer desorganização, como foi a crise da Covid, você paralisa 5G, telecomunicações, indústria automobilística”, disse.

O outro requisito é a manutenção de boas relações com o país fornecedor. “Tem de ser amigo. A Rússia, por exemplo, está muito perto da Europa. Tem uma parte do país, inclusive, que está na Europa continental, mas são hostis”, lembrou.

O que Guedes tenta vender, nesse momento, é que Europa e Estados Unidos vão precisar de um centro mais próximo para garantir as necessidades de abastecimento, e o Brasil surge como a alternativa mais viável para o deslocamento desse eixo produtivo. Com isso, bilhões de dólares aportariam aqui na forma de investimento estrangeiro, gerando emprego e renda para milhões de brasileiros.

Nesse momento, a certeza que temos é de que o País vai bem, com inflação e taxa de desemprego em queda, moeda estável e Produto Interno Bruto (PIB) em alta. Um conjunto de fatores que nos permite sonhar com dias melhores.