Pela democracia
Um mar verde-amarelo tomou o País
Brasil pôde mostrar ao mundo que tem uma democracia consolidada e madura
As comemorações do Sete de Setembro levaram milhões de pessoas às ruas para assistir aos desfiles cívicos e para comemorar, com orgulho, o Bicentenário da Independência. De norte a sul do país, os brasileiros vestiram verde-amarelo para mostrar seu orgulho e defender a liberdade de expressão e os valores mais importantes para a sociedade.
Apesar de tanto alarde, as manifestações foram ordeiras, pacíficas e dedicadas à família. Em todos os cantos para os quais se olhava era fácil vislumbrar homens e mulheres de todas as idades, acompanhados de filhos e netos, empunhando a bandeira brasileira. Aos poucos, ruas e avenidas foram tomadas pelas cores que representam há séculos o país.
Brasília, a capital federal, foi o ponto principal das comemorações da Independência. Desde a zero hora do dia 7, uma grande queima de fogos anunciava a chegada do bicentenário. A festa virou a noite na expectativa do desfile da manhã de quarta-feira.
A hora chegou, e, sob os olhares e aplausos de milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios, tropas das Forças Armadas, da Polícia Militar, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros Militar desfilaram diante de um palanque comandado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro chegou perto das 9 da manhã e, antes de ir para a tribuna, quebrou o protocolo e decidiu caminhar pela pista, acenando para as arquibancadas, repletas de apoiadores. Ao mesmo tempo, paraquedistas do Exército desceram na Esplanada trazendo uma bandeira do Brasil. Os aviões cortaram o céu de Brasília e deixaram um rastro de fumaça nas cores da Bandeira Nacional.
Uma multidão espalhou-se pelo gramado da Esplanada durante o desfile, sem conseguir acessar as arquibancadas já lotadas. Populares carregavam faixas contra a corrupção, contra o aborto, contra atitudes abusivas de ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ao longo do dia, cenas semelhantes repetiram-se pelas principais cidades do país. Em São Paulo, apesar da chuva, a avenida Paulista reuniu uma multidão. No Rio de Janeiro, a orla de Copacabana foi a escolhida para as manifestações. Tudo de forma ordeira e tranquila como deve ser num país que preza pela democracia.
Os dias que antecederam o Sete de Setembro foram bastante tensos. Analistas políticos e candidatos que disputam a eleição contra o presidente Bolsonaro criavam, a todo tempo, uma série de teorias da conspiração. Chegaram a dizer que as manifestações do Dia da Independência seriam uma alavanca para um futuro Golpe de Estado.
Não foi isso que se viu nas ruas. O que se pôde observar, nas imagens exibidas na televisão, na internet ou presenciadas por quem estava lá foi a reunião de brasileiros comuns interessados apenas em mostrar suas convicções e deixar claro que tipo de país desejam.
Algumas provocações, obviamente, foram registradas em faixas espalhadas pelos locais das manifestações e nos gritos em coro de alguns grupos mais exaltados. Essas manifestações atingiram, principalmente, figuras que vêm-se tornando cada vez mais impopulares. Tomara que a voz do povo seja ouvida por esses personagens que insistem em tomar atitudes que chocam o interesse público e atingem diretamente uma série de liberdades individuais.
O Brasil, neste 7 de setembro, pôde mostrar ao mundo que tem uma democracia consolidada e madura, capaz de enfrentar pandemias, recessões e crises mundiais sem se abater. Os milhões de brasileiros unidos nas ruas e avenidas, nesse dia de festa cívica, sabem diferenciar quem verdadeiramente luta por eles e quem só tem a intenção de se aproveitar deles.
O Brasil mostrou nas ruas que mudou, que está mais forte, que quer que sua voz seja ouvida e respeitada. E que não vai acatar medidas contrárias ao ordenamento jurídico. A força está no grito da população que exige um futuro melhor, sem corrupção e sem que os direitos da família sejam violados.