Em ascensão!
As surpresas da economia brasileira
De acordo com o IBGE, o crescimento (do PIB) no segundo trimestre foi influenciado pela alta de 1,3% nos serviços
Fica difícil deixar de falar da economia diante dos números registrados esta semana. O Brasil, novamente, surpreendeu os analistas que pregaram, por meses a fio, o caos e a recessão. Não é isso que o mundo real está mostrando. E vai ser complicado para esses arautos da desgraça explicar para as pessoas que investiram mal o seu dinheiro, seguindo as especulações difundidas e alardeadas, como foi possível errar tanto nas previsões. O que se pode esperar, para o ano que vem, é muito economista de volta aos bancos escolares para reaprender sobre os fundamentos econômicos do País.
O mais recente indicador que mostra a saúde e a força da economia brasileira foi divulgado nesta quinta-feira, primeiro de setembro. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços finais produzidos num país, cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano na comparação com o período anterior. O resultado é o quarto positivo em seguida do indicador, depois de ter recuado 0,3% no segundo trimestre do ano passado. O PIB chegou a R$ 2,4 trilhões.
Com o resultado, o PIB cresceu 2,5% no primeiro semestre de 2022 e a atividade econômica do País ficou 3% acima do patamar pré-pandemia, verificado no quarto trimestre de 2019. Segundo o IBGE, a economia chegou também ao segundo patamar mais alto da série, atrás somente do que foi registrado no primeiro trimestre de 2014.
De acordo com o IBGE, o crescimento no segundo trimestre foi influenciado pela alta de 1,3% nos serviços. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, informou que os serviços estão pesando 70% na economia, então há um impacto maior nesse resultado.
“Dentro dos serviços, outras atividades de serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) avançaram e contribuíram para essa alta. Em outras atividades de serviços estão os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e hotéis, por exemplo”, completou.
A indústria também colheu bons números, teve alta de 2,2% e este foi o segundo resultado positivo consecutivo do setor, após a queda de 0,9% no quarto trimestre do ano passado. Os dados indicam que essa elevação foi influenciada pelos desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 2,7% na construção, de 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação.
Quem também fez bonito foi a agropecuária que após amargar um recuo de 0,9% no último trimestre, agora teve desempenho positivo de 0,5%. No caso da agricultura esses números são bem compreensíveis dada a natureza do setor, pautado pela sazonalidade. Nos períodos próximos ao fim da safra as vendas perdem força, para reaquecer no auge da produção. Outro fator importante para avaliar esse desempenho está nas compras efetuadas pelos países do Hemisfério Norte. Quando o inverno se aproxima, os negócios aumentam para garantir os estoques. Quando chega o verão as importações de alimentos se raletraem. Essa regra, por si só, garante o desempenho do setor nos próximos dois trimestres do ano.
Para fechar essa análise, o IBGE aponta em seu levantamento que o consumo das famílias avançou 2,6% no segundo trimestre. O percentual é o maior desde o quarto trimestre de 2020, quando registrou 3,1%. O que se depreende aqui é que a queda do desemprego e a melhoria dos salários fez muita gente voltar a consumir e isso reaqueceu, principalmente, o setor de serviços, talvez um dos mais abalados pelos dois anos de pandemia.
Nos próximos dois trimestres, o consumo das famílias vai se manter em alta, principalmente, pela entrada de novos consumidores beneficiados pelo Auxílio Brasil. O que vai ajudar a manter a economia do País em alta, contrariando quem previu um segundo semestre fraco.
A surpresa vai ser grande, no começo de 2023, quando se anunciarem os dados do PIB de todo o ano de 2022. O Brasil estará no topo da lista dos países que mais cresceram e vai ser difícil voltar a acreditar nos “negacionistas” econômicos que tanta pedra colocaram no caminho do ministro Paulo Guedes.