Mídia intempestiva
As múltiplas facetas de Lady Di
Segundo o historiador Ed Owens, Diana, com seu jeito de ser, tornou-se uma personagem eterna da história mundial
A morte da princesa Diana completa, nesta quarta-feira (31), vinte e cinco anos. Um acidente trágico, em Paris, provocou a perda de uma das maiores celebridades do final do século XX. Apesar de algumas controvérsias em termos de conduta, diante da rigidez do padrão exigido pela realeza britânica, Lady Di destacou-se, principalmente, em ajudar comunidades carentes ao redor do mundo. Ela convenceu astros e estrelas a lutar pela defesa dos mais fracos e conseguiu excelentes resultados.
O sucesso de Diana acabou provocando também sua morte. Constantemente perseguida por fotógrafos e jornalistas, a ex-princesa fazia o que era possível para garantir um pouco de privacidade e tranquilidade. No dia 30 de agosto de 1997, ao tentar escapar de um grupo de paparazzi, que estava acampado do lado de fora do Hotel Ritz, na esperança de tirar fotos dela e do namorado Dodi Fayed, houve uma perseguição que acabou no trágico acidente.
Diana morreu nas primeiras horas de 31 de agosto de 1997, no Hospital Pitie-Salpetriere. Um mundo atordoado pelo fato lamentou. Buquês de flores cobriram os jardins da casa de Diana no Palácio de Kensington. Cidadãos chorando encheram as ruas próximas à Abadia de Westminster durante seu funeral.
Naquela época, muito se discutiu sobre a exagerada perseguição que as celebridades sofriam em busca de notícias que rendessem um “furo” jornalístico ou mesmo uma fotografia comprometedora que pudesse ser vendida por uma boa soma em dinheiro. Só que com o passar dos anos a situação piorou ainda mais. Com as redes sociais e os celulares que filmam a todo momento, o contingente de “espiões” vigiando as celebridades aumentou exponencialmente. O interesse exagerado pela vida alheia parece ter-se tornado esporte mundial.
Só que Diana aprendeu a usar esse assédio constante para fazer o bem. Repórteres e fotógrafos seguiam-na onde quer que fosse. Embora a princesa odiasse a intrusão, ela aprendeu que a mídia também era uma ferramenta que poderia usar para chamar a atenção para uma causa e mudar a percepção do público. Essa mudança de comportamento foi vista de forma mais famosa quando Diana abriu a primeira enfermaria especializada do Reino Unido para pacientes com aids, em 9 de abril de 1987. Ela aproveitou a cobertura em massa da imprensa para pegar nas mãos de um jovem paciente, demonstrando que o vírus não podia ser transmitido pelo toque. O momento, divulgado mundialmente, ajudou a combater o medo, a desinformação e o estigma em torno da epidemia de aids.
Esses gestos se tornaram uma marca de Diana. Sete meses antes de morrer, a princesa vestiu uma viseira de proteção e um colete à prova de balas e caminhou por um campo minado em Angola para promover o trabalho do The Halo Trust, um grupo dedicado à remoção de minas de antigas zonas de guerra. Quando percebeu que alguns fotógrafos não conseguiram a foto ideal, Diana virou-se e repetiu a cena.
Mais tarde, ela encontrou-se com vítimas de minas terrestres, segurando no colo uma jovem que havia perdido a perna esquerda. As imagens chamaram a atenção, internacionalmente, para a campanha para livrar o mundo dos explosivos que ficam escondidos no subsolo muito tempo depois do fim das guerras. Esse gesto de Diana rendeu um tratado internacional, assinado por 164 países, pelo qual se proíbe o uso de minas terrestres.
Segundo o historiador Ed Owens, Diana, com seu jeito de ser, tornou-se uma personagem eterna da história mundial. “Acho que precisamos nos lembrar de que ela era provavelmente a mulher mais conhecida no mundo de língua inglesa, além da própria rainha Elizabeth II.”
A vida de Diana tem sido retratada em diversos documentários. Alguns a descrevem como heroína, outros minimizam a atuação dela na realeza inglesa e criticam suas posturas. Como todos nós, Diana era uma pessoa de muitas facetas. Capaz de agradar alguns e de provocar reações adversas em outros. Teve erros e acertos, mas aproveitou a enorme projeção que a mídia lhe deu para fazer o bem. Tomara que outras personalidades consigam seguir o mesmo caminho trilhado por ela.