Editorial
Queda na criminalidade X sensação de segurança
O importante é fazer com que essa queda nos números da criminalidade se reflita na sensação de segurança
O governo do Estado de São Paulo divulgou, ontem, dados bastante positivos sobre a queda da criminalidade, este ano. As reduções ocorreram em praticamente todos os indicadores analisados, inclusive os com maior potencial ofensivo.
Apesar dessa boa notícia, a sensação de segurança da população não aumentou tanto assim. Muita gente ainda teme sair de casa no período noturno e uma série de crimes violentos tem assustado e indignado muita gente.
Aqui em Sorocaba, por exemplo, todos se perguntam o que aconteceu com a jovem Talita Aparecida Costa. Ela foi encontrada morta, no dia 19, depois de ficar desaparecida por quase três meses. O corpo estava abandonado numa área de mata no bairro Wanel Ville. A família clama por justiça. “A única coisa que a gente quer é justiça, que o responsável seja preso e pague pelo o que fez”, ressalta a irmã de Talita. O caso é acompanhado pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), de Sorocaba, mas a polícia não divulgou detalhes sobre a investigação.
Para a família da Talita, a queda nos dados da criminalidade não foi suficiente para impedir a sua morte. É preciso mais empenho para se garantir a segurança de todos os brasileiros. A polícia vem fazendo sua parte, mas nem sempre é possível evitar e prever todos os crimes.
Analisando os dados do Estado de São Paulo, o mês de julho terminou com queda em praticamente todos os tipos de roubos contabilizados nas estatísticas -- de carga, de veículos, em geral e de latrocínios (roubos seguidos de morte).
A única exceção foram os roubos a banco, que se mantiveram estáveis. Todos os indicadores caíram nos sete primeiros meses do ano, inclusive os de roubo a banco. No Estado, a taxa móvel de homicídios dos últimos 12 meses (de agosto de 2021 a julho de 2022) foi de 6,17 por 100 mil habitantes, a menor da série histórica iniciada em 2001. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Segundo a pasta, a análise dos dados criminais usa como referência o mês de julho e os sete primeiros meses de 2019, ano pré-pandemia, em que não houve restrição da circulação das pessoas. Nos últimos dois anos, São Paulo viveu um período de grande isolamento social, causado pela pandemia de Covid-19, que impactou na dinâmica criminal.
Os roubos de veículos em julho caíram 8,4%. Nos primeiros sete meses do ano, o indicador também recuou 20%. Já os roubos de carga retrocederam 13,8%, em julho. No acumulado do ano, recuaram 9,1%.
Os roubos a banco permaneceram estáveis, com dois casos em julho de ambos os anos. Em contrapartida, de janeiro a julho, houve queda de três casos neste indicador, que passou de 13 para 10 ocorrências, o menor total já registrado na série histórica.
Quanto aos latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, foram registrados três a menos em julho, passando de 16 para 13 ocorrências. Nos sete primeiros meses do ano, o recuo foi de 4,9%. Os totais registrados no mês e no acumulado do ano foram os menores da série histórica, excetuando os anos agudos de pandemia.
O levantamento mostra também que a atuação das polícias paulistas, no mês de julho, resultou em 13.870 prisões e na apreensão de 819 armas de fogo ilegais. Também foram registrados 3 mil flagrantes por tráfico de entorpecente, com apreensão de 34,2 toneladas de drogas.
Como se pode notar não faltou trabalho à polícia. E ela tem correspondido de maneira adequada. O importante é fazer com que essa queda nos números da criminalidade se reflita na sensação de segurança da população. Todo mundo, ao sair de casa, para trabalhar ou passear, quer ter a certeza que vai voltar são e salvo. É esse indicador que vai nos mostrar, realmente, se a situação mudou. Enquanto um único cidadão, por medo da violência, se sentir privado de viver, toda a sociedade terá falhado.