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Editorial

Seis meses e contando

Assim que o inverno chegar, o gás russo volta a ser motivo de discórdia e ações mais sangrentas podem ser deflagradas

25 de Agosto de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: THOMAS COEX / AFP PHOTO)

A invasão russa à Ucrânia completou, ontem (24), seis longos meses. E o impasse fica cada dia mais longe de uma solução. O mundo praticamente esqueceu do drama dos milhões de refugiados que tiveram que deixar o país e se restabelecer, do zero, numa nova cultura.

No campo econômico, a Rússia vem suportando bem as sanções impostas pelos vizinhos europeus e, aos poucos, vai conquistando uma área cada vez maior do território ucraniano. Suas exportações de petróleo aumentaram e o controle do fornecimento de gás continua sendo a peça chave desse “imbróglio”.

No mercado internacional, o preço do barril do petróleo voltou para a casa dos US$ 90, valor abaixo do praticado antes da guerra. Isso está ajudando as economias pelo mundo a conter a inflação e manter as operações industriais em bom termo.

Essa queda no preço do petróleo é extremamente benéfica para o Brasil. Os combustíveis, que já foram os grandes vilões da inflação, agora ajudam o País a se recuperar e a retomar o crescimento. Com a queda das cotações internacionais, a Petrobras deve anunciar novas reduções nos preços da gasolina e do diesel.

Na terceira semana de agosto, o valor médio do litro da gasolina ficou em R$ 5,74, o menor patamar registrado em 2022. Uma queda significativa se compararmos com o início do ano quando a média registrada era de R$ 7,39.

As políticas implantadas pelo governo Bolsonaro têm dado certo e o efeito já pode ser sentido nos índices inflacionários. Depois de registrar deflação em julho, o mesmo deve se repetir em agosto.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, registrou deflação (queda de preços) de 0,73% em agosto deste ano. É a menor taxa da série histórica do IPCA-15, iniciada em 1991, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA-15 havia registrado taxas de inflação de 0,13% em julho deste ano e de 0,89% em agosto do ano passado. Com o resultado deste mês, o IPCA-15 acumula taxas de inflação de 5,02% no ano e de 9,60% em 12 meses.

A queda de preços apresentada na prévia de agosto foi puxada principalmente pelos transportes, que registraram deflação de 5,24%. E foram exatamente os combustíveis que mais impactaram esse número. O recuo registrado nos preços passou de 15%.

Entre os combustíveis, as quedas mais representativas foram observadas na gasolina (-16,80%) e no etanol (-10,78%). O gás veicular caiu menos, 5,4%, e o diesel ficou praticamente estável com uma redução próxima de meio por cento.

Claro que não foi só o item transportes que registrou deflação. Outros grupos de despesa acompanharam: habitação (-0,37%), com destaque para o recuo nos preços da energia elétrica residencial (-3,29%); e comunicação (-0,30%).

Já os alimentos ainda registaram alta (1,12%), mas bem menor que a dos outros meses. O grande vilão nesse item foi, mais uma vez o leite longa vida com reajustes acima de 14%.

O Brasil atravessou bem o pior período econômico do século. Dois anos de pandemia e seis meses da invasão da Ucrânia são capazes de provocar o caos em qualquer lugar do mundo. E não foi isso que se viu aqui. São poucas as nações que podem, hoje, levantar a cabeça e analisar o horizonte com tranquilidade e planejar bem o futuro.

Temos que aproveitar esse momento para crescer e melhorar a nossa infraestrutura. É necessário reduzir o Estado e tornar o País mais competitivo no mercado internacional. Não podemos acreditar que a calmaria momentânea, na Europa, vá durar muito tempo. Assim que o inverno chegar, o gás russo volta a ser motivo de discórdia e ações mais sangrentas podem ser deflagradas de lado a lado. Aí o caos retorna à economia e vai seu um Deus nos acuda.