Editorial
Corrida contra o tempo
A mobilização do Dia D não é suficiente para recompor os índices de vacinação desejados pelo Ministério da Saúde, mas já é um grande passo
Apesar do frio, o sábado foi de mutirão de vacinação em toda a cidade. Milhares de crianças e adolescentes foram aos postos de saúde em busca de proteção contra várias doenças. O Dia D tenta conscientizar os pais da importância de manter as carteirinhas de saúde em dia.
E a campanha deste ano tem um desafio extra, elevar os índices de cobertura que há tempos vêm caindo em todas as regiões do País. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal no Brasil caiu de 97%, em 2015, para 75%, em 2020, em média. Das nove vacinas analisadas pelo sistema DataSUS, a BCG foi a que sofreu maior queda, de 38,8%, entre 2015 e 2021. Em segundo lugar fica o imunizante contra a Hepatite A, com queda de 32,1%, e a Poliomielite em terceiro, com queda de 30,7%.
É claro que os dois anos de pandemia da Covid-19 contribuíram para a queda nos números. Os aparelhos estatais de saúde concentraram esforços para combater o novo coronavírus e muitos pais, temerosos de expor os filhos à doença, evitaram os postos de saúde mesmo em períodos de campanha oficial. Agora é hora de recuperar esse tempo perdido.
“A queda drástica na cobertura vacinal é de extrema preocupação para a população brasileira. Nos últimos anos tivemos casos relatados de sarampo dentro do território nacional. As vacinas são efetivas, seguras e um método comprovadamente eficaz de proteção para estas doenças”, disse o pediatra André Aleixo. O especialista ainda cita que as campanhas também são importantes para combater a desinformação a respeito das imunizações existentes do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
As autoridades de saúde de Sorocaba decidiram aproveitar o Dia D para também aplicar a vacina contra a gripe. Para Aleixo, sem a cobertura vacinal, principalmente entre o grupo de risco, pode haver casos graves da síndrome gripal. “A vacina contra o Influenza é atualizada anualmente com as principais cepas em circulação. É considerada uma vacina inativada e não tem como causar a doença. Recomendamos a todos que realizem a vacinação anual”, explicou o pediatra.
A atualização das carteirinhas de vacinação é fundamental para as crianças. Só assim elas ficarão protegidas de vírus que circulam com cada vez mais frequência entre nós. Mesmo doenças consideradas erradicadas tem ressurgido ultimamente.
E a mobilização deve ser total para se alcançar o objetivo de elevar os índices de cobertura vacinal. Toda a sociedade deve participar. Em Sorocaba, por exemplo, os Rotarys Clubes decidiram por a mão na massa e colaborar. As entidades vão realizar diversas ações de conscientização do público, como panfletagem no trânsito; circulação de carro, com a presença do mascote da campanha, o Zé Gotinha; além de exibição de faixas e cartazes em várias unidades básicas de saúde espalhadas pela cidade.
Essa parceria com as autoridades de saúde foi detalhada, na sexta-feira (19), pelo governador do Distrito 4.621 do Rotary Club, Sérgio Minniti Igreja, em visita à sede da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA).
“É fundamental salientar a importância da vacinação contra a Poliomielite, que começou em 8 de agosto e segue até o dia 9 de setembro, além do Dia D. Antes da pandemia da Covid-19, o índice de cobertura da vacinação chegava a 95%, depois caiu para 65%. Então, temos que chamar a atenção para a importância da imunização”, enfatizou Sérgio Igreja.
A mobilização do Dia D não é suficiente para recompor os índices de vacinação desejados pelo Ministério da Saúde, mas já é um grande passo. Esse será um processo longo, de retomada paulatina, até que a população volte a ter consciência da importância da vacina para impedir a volta de algumas doenças ao País. Esse trabalho de formiguinha tem que ser feito no dia a dia pelas autoridades de saúde e pelas entidades ligadas à educação. A atualização da carteira de vacina tem que ser um tema recorrente em nossas conversas diárias. Só assim vamos recuperar o tempo perdido.